segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Perda de Identidade


Basta uma pequena passagem pelas páginas da Bíblia para que ela revele coisas surpreendentes. Um pequeno panorama entre gênesis e apocalipse revela muito da natureza verdadeiramente humana, bem como, a questão da desumanidade.
Excluindo a única restrição existente nos tempos da criação, o primeiro casal possuía liberdade e comunhão plena. Contudo, foram incapazes de guardar um único mandamento e acabaram por comer da árvore do conhecimento do bem e do mau, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor.
O pecado original gerou conseqüências cósmicas. O homem perdeu o relacionamento que possuía com Deus e, ainda hoje, toda a criação geme e suporta angústias, aguardando a consumação dos séculos e a restauração plena de todas as coisas em Cristo.
O pecado gerou morte, medo, separação e quebra do relacionamento do homem com Deus.
Sem um relacionamento adequado com o criador, o ser humano iniciou o processo de perda de identidade.
Criado a imagem conforme a semelhança de Deus, ao se afastar do criador perdeu o próprio referencial que lhe moldara o caráter, a personalidade, o objetivo, a meta e o intuito.
Iniciou-se um processo de redefinição! Sem anseio de buscar um relacionamento adequado com o Criador, o ser humano vem estabelecendo sua própria noção falida de humanidade, a qual difere do padrão da criação.
Em busca de criar e estabelecer seu próprio conceito de humanidade, o homem dos últimos dias conseguirá consumar um estado de plena desumanidade baseado em seus próprios conceitos humanistas. Ali serão encontrados homens que diferem, extremamente, do homem original, criado a imagem conforme a semelhança de Deus. Homens egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.
Homens incapazes de olhar para o próximo. Eles buscam uma sociedade perfeita, mas não no sentido da perfeição divina, antes, a perfeição buscada está diretamente relacionada a ter seus desejos supridos em detrimentos dos demais. É isto que se prega, com a teologia da prosperidade. Cada qual busque riquezas, fama, prosperidade e sucesso. Nada se fala sobre a causa do próximo e da vida em comunhão.
O homem dos últimos dias criará uma sociedade mesquinha e egoísta, impossível de ser habitada.
A sociedade formada naqueles dias não terá praticamente nada que lhe lembre sua própria identidade perdida ao longo do tempo, dia após dia, desde quando resolveu voltar às costas a ser a imagem conforme a semelhança daquele que o criou.
Vivemos a margem do estabelecimento desta sociedade e podemos identificar os antigos valores sendo sucateados em prol de novos valores que atendam a algumas pessoas, classes e grupos.
Nós mesmos, bombardeados de todos os lados, não estamos livres de concordar com esta geração. Tantas são suas imposições! Os motivos parecem até justificáveis, mas a luz do conhecimento bíblico, tais conjecturas não passam de veneno capaz de matar o melhor cristão dentre todos nós. Seja por se adequar e conformar com o presente século quer seja por combatê-lo de forma tão ferrenha, que a luz que resplandecia fortemente em nós, enfraqueça, torne-se opaca e, por fim, não reste nada que lembre o novo homem “que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”.
Sem dúvida vivemos tempos difíceis! Que possamos fazer uso do conhecimento bíblico e da ação do Espírito Santo sobre nossas vidas para não nos adequarmos, mesmo que de modo imperceptível, a esta geração e, ainda, que possamos ser a diferença quer seja oportuno, quer não seja, anunciando a brevidade do Reino, bem como, a necessidade de nascer de novo.
Lúcia Izidoro

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