segunda-feira, 15 de setembro de 2014

COMENTÁRIO DAS LIÇÕES DO QUARTO TRIMESTRE

O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA
O livro do profeta Daniel, através do sonho do rei Nabucodonosor, resume os grandes impérios do mundo: Babilônia, Média/Persia, Grécia e Roma. O capítulo dois se divide em Introdução, Três episódios e Conclusão.

Introdução (v.1)
O primeiro versículo introduz o sonho de Nabucodonosor como ocorrência do segundo ano de reinado. Os estudiosos do Antigo Testamento concordam que neste tempo o profeta Daniel era bem jovem e há três anos ele fora deportado para a Babilônia.
Primeiro Episódio (vv.2-13)
O primeiro relato do sonho imperial revela Nabucodonosor chamando os Magos, os Astrólogos, os Encantadores, e os Caldeus, isto é, todos os sábios e os feiticeiros do império para interpretarem o sonho. Os intérpretes pediram ao rei que lhes contasse o sonho para em seguida o decifrarem. Nabucodonosor recusou afirmando: "se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo". O rei não se contentava somente com a interpretação, pois os adivinhadores teriam também de prenunciar o sonho.
Segundo Episódio (vv.14.24)
O capitão da guarda do rei, Arioque, saiu para matar os sábios. Quando Daniel prudentemente o interrogou sobre a ordem imperial. Recebendo a explicação de Arioque o profeta solicitou uma audiência ao rei e pediu um tempo para contar o sonho e dar a interpretação. Daniel procurou os seus amigos para buscarem a Deus. O Senhor os respondeu!
Terceiro e Ultimo Episódio (vv.25-45)
Levado por Arioque ao rei Nabucodonosor, Daniel lhe contou o sonho e o interpretou. Chocado, o rei da Babilônia prostrou-se aos pés de Daniel e reconheceu a sabedoria que lhe fora dada pelo Deus de Israel.
Conclusão (vv.46-49)
A conclusão do capítulo dois é surpreendente. Nabucodonosor promoveu Daniel ao mais alto cargo imperial e a pedido do profeta elevou os seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego às altas posições.
O segundo capítulo revela-nos que o Reino de Deus não se confunde com o reino dos homens. Segundo o conselho da sua soberania, o Eterno intervém na história humana. Ele trabalha a fim de que todos os moradores da Terra reconheçam a sua majestade e, em Cristo, resistamos as injustiças do governo humano.
Revista Ensinador. Editora CPAD. pag. 37.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O capítulo dois do livro de Daniel se constitui da revelação do plano divino para com o povo judeu e os povos gentios, para os quais Deus revela a sua soberania sobre os governos mundiais e o estabelecimento do reino messiânico. Deus intervém na história para fazer valer seus desígnios na vida da humanidade. Neste capítulo, a Babilônia aparece como dona do mundo e Nabucodonosor é o grande rei. Aproximadamente em 604 a.C., num período em que a Babilônia atingiu o seu apogeu, quando, de repente, a tranquilidade de Nabucodonosor foi ameaçada por um sonho perturbador que o deixou sem dormir. Por providência divina, o rei esqueceu o sonho para que os desígnios divinos fossem revelados ao profeta visionário Daniel. Na primeira parte do capítulo 2 temos a intervenção divina para salvar Daniel e seus amigos. A ordem do texto ajudará a entender como Deus trabalha nas circunstâncias adversas.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 37.
O livro de Daniel compõe-se essencialmente de seis histórias e quatro visões. As histórias ocupam os capítulos 1-6, e as visões os capítulos 7-12. Quanto a detalhes a respeito, ver a seção “Ao Leitor”, quinto e sexto parágrafo, antes da exposição a Dan. 1.1. Agora movemo-nos para a segunda história: O sonho de Nabucodonosor. Este longo capítulo, como é natural, divide-se em duas grandes parles: vss. 1-13, prólogo; e vss. 14-45, Daniel como intérprete de sonhos. Esta história ensina a debilidade da sabedoria humana, em comparação com a sabedoria conferida por Deus” [O xford Annotated Bible, na Introdução ao capítulo). A história é um paralelo da experiência de José, em Gên. 41. Há uma correspondência na fraseologia, o que provavelmente mostra que o autor sacro tinha aquela história na mente, quando escreveu o relato presente. Os temas principais são: Toda a sabedoria humana é destituída de valor quando confrontada com a sabedoria conferida por Deus; uma filosofia da história; as eras deste mundo são guiadas pelo decreto divino; Deus humilha os orgulhosos e eventualmente faz com que eles O reconheçam. Ver como o teism o domina o relato. O Criador continua presente em toda a Sua criação — intervindo, recompensando e punindo. 
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
Esse capítulo é histórico, mas é a história de uma profecia, por meio de um sonho e sua interpretação. O sonho de Faraó e a interpretação de José diziam respeito somente aos anos de fartura e de fome e o interesse do Israel de Deus neles. Mas o sonho de Nabucodonosor aqui, e a interpretação de Daniel deste sonho, parecem muito mais elevados, para as quatro monarquias, e os interesses de Israel nelas, e o reino do Messias, que deveria ser estabelecido no mundo sobre as suas ruínas. Nesse capítulo temos: I. A grande perplexidade em que ficou Nabucodonosor por um sonho que havia esquecido, e a sua ordem aos magos para lhe dizer do que se tratava. Algo que eles não podiam fazer (w. 1-11). II. Ordens dadas para a destruição de todos os sábios da Babilônia, e de Daniel entre os demais, com os seus companheiros (w. 12-15). III. A revelação do segredo a ele, em resposta à oração, e a ação de graças que ele ofereceu a Deus por isso (w. 16-23). IV A sua aceitação por parte do rei, e a revelação que ele lhe fez tanto do seu sonho como de sua interpretação (w. 24-45). V A grande honra que Nabucodonosor pôs sobre Daniel, como recompensa por esse serviço, e a honra dos seus companheiros, com ele (w. 46-49).
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 828.
I – O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR
 (Dn 2.1-15)
1. Tempo do sonho(v.1).
“E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor” (2.1). Daniel volta aos primeiros anos de sua vida no Palácio da Babilônia entre os anos 603 e 602 a.C., e relata a experiência que teve com Nabucodonosor quando o mesmo teve um sonho. O texto apresenta um aparente conflito de datas quando fala do “segundo ano do reinado de Nabucodonosor”, porque no primeiro capítulo nos deparamos com os três anos de treinamento de Daniel e seus companheiros. Segundo os historiadores, tanto os judeus quanto os babilônios contavam as frações de um ano como um ano inteiro, por isso, a vigência do terceiro ano, obedecia a cronologia do calendário da Babilônia. Os estudiosos procuram aclarar essa cronologia em que explicam o seguinte: No ano 605 a 604 a.C., Nabucodonosor torna-se rei. Era seu primeiro ano de reinado, quando Daniel e seus companheiros tiveram o seu primeiro treinamento palaciano. Em 604-603 a.C., no segundo ano de Nabucodonosor, foi quando o mesmo teve o sonho e ficou perturbado pela lembrança e os detalhes do mesmo. Já era o terceiro ano de treinamento de Daniel e seus companheiros, quando deveriam se apresentar diante do rei.
“Nabucodonosor teve sonhos” (2.1). Entre os muitos modos de Deus falar e revelar a sua vontade aos homens estão os sonhos. É uma via especial pela qual Deus revela sua vontade. Segundo o Dicionário Aurélio, “sonho pode ser “sequência de fenômenos psíquicos com imagens, atos, figuras e ideias que, involuntariamente ocorrem durante sono de uma pessoa”. Pode ser a sequência de pensamentos, de ideias vagas, mais ou menos agradáveis, mais ou menos incoerentes, às quais o espírito se entrega em estado de vigília. Naturalmente, temos que entender que nem todo sonho é alguma revelação. Sabe-se, também, que os sonhos podem advir de imagens que o subconsciente absorve durante o dia e que se manifestam durante o sono. As vezes, incompreensíveis e fantasiosos e, outras vezes, com sequência de imagens que se formam na mente e expressam a preocupação que está na mente da pessoa. No campo espiritual, Deus se utiliza desses recursos da natureza humana para falar aos seus servos. Não existe uma regra que favoreça a ideia de que Deus tenha que falar por meios de sonhos e visões. E apenas um modo pelo qual Deus se revela, tanto a crentes como a não crentes. Nabucodonosor era um rei pagão que servia a outros deuses, mas o Deus de Daniel usou uma via indireta de revelar a esse rei o seu próprio futuro e o das nações do mundo.
“e o seu espírito se perturbou, e passou-lhe o sono” (2.1). Não foi a primeira vez que Deus falou a pessoas que não lhe serviam nem o reconheciam como Deus. Nos tempos de Faraó do Egito, quando a família de Israel ainda se formava, para ser o grande povo, posteriormente, Jeová deu sonhos a Faraó. José, como escravo no Egito, e vendido por seus irmãos, foi o homem que Deus escolheu para aparecer diante de Faraó e revelar-lhe os detalhes do seu sonho (Gn 41). O sonho de Faraó tinha a ver com o seu próprio reino no Egito. Porém, a Nabucodonosor, rei da Babilônia, Deus revelou em sonho a política mundial a partir do seu próprio império. Naturalmente, o seu sonho era fruto de sua preocupação com o futuro do seu império. Ele se perturbou em espírito porque precisava entender do que se tratava aquele sonho. Deus intervém de modo espetacular para honrar os seus servos que viviam naquele palácio e Daniel foi lembrado como alguém que sabia interpretar sonhos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 37-39.
Esta história é datada no segundo ano do reinado de Nabucodonosor. “Desde os dias de Josefo, tem sido exercida grande engenhosidade para explicar como Daniel pôde ter estado ativo em alguma capacidade oficial, no segundo ano do rei, quando se declarou que somente após três anos de treinamento é que Daniel foi introduzido à presença de Nabucodonosor. Mas a data precisa é apenas um artificio literário que pertence ao arcabouço histórico, e a incoerência que nos impressiona nada teria significado para o escritor sacro e seus contemporâneos” (Arthur Jeffery, in Ioc.).
2.1 No segundo ano do reinado de Nabucodonosor. Ao rei foram dados por Deus alguns sonhos inspirados — esse é o sentido óbvio do versículo. Ele ficou perturbado e foi forçado a apelar para a ajuda de Daniel a fim de compreender esses sonhos. Se a maioria dos sonhos é inspirada pelo cumprimento dos desejos, existem sonhos espirituais e psíquicos que vão além desses limites. Assim sendo, os homens idosos sonham, e os jovens vêem visões (Joel 2.28), por divina direção e inspiração.
Nabucodonosor, sendo um grande rei, naturalmente sonharia com coisas seculares. E também não precisava ser um judeu para ser guiado pelo Espírito Santo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
A perplexidade em que se encontrava Nabucodonosor por motivo de um sonho que havia tido, mas que havia esquecido (v. 1): Ele teve uns sonhos, isto é, um sonho que consistia de diversas partes distintas, ou que encheu o seu pensamento como se tivessem sido muitos sonhos. Salomão fala de uma multidão de sonhos, estranhamente incoerentes, nos quais há diversas vaidades (Ec 5.7). Esse sonho de Nabucodonosor não tinha nada de mais em si além do que poderia ser comparado com muitos sonhos comuns, nos quais são freqüentemente representadas aos homens coisas tão estanhas quanto as que são mencionadas aqui. Mas houve algo na impressão que causou nele, que trouxe consigo uma incontestável evidência da sua origem divina e do seu significado profético. Observe que os maiores homens não estão isentos, mas estão ainda mais expostos aos cuidados e aflições da mente que perturbam o seu descanso à noite, enquanto o sono do homem trabalhador é doce e profundo, e o sono do homem sóbrio e moderado é livre dos sonhos confusos. A abundância dos ricos não deixará que eles durmam por causa da preocupação, e os excessos dos glutões e bêbados não deixarão que eles durmam tranquilos por causa dos sonhos. Mas o que foi registrado aqui não foi fruto de causas naturais. Nabucodonosor era um perturbador do Israel de Deus. Mas Deus aqui o perturbou, sim, porque aquele que criou a alma pode fazer a sua espada se aproximar dela. Ele tinha os seus guardas ao seu redor, mas eles não podiam impedir a perturbação do seu espírito. Não conhecemos a inquietude de muitos que vivem em grande pompa e prazeres deste mundo. Olhamos para dentro das suas casas, e somos tentados a invejá-los. Mas, se pudéssemos olhar para dentro dos seus corações, sentiríamos pena deles. Todos os tesouros e todos os prazeres dos filhos dos homens que estavam sob o domínio desse poderoso monarca, não podiam lhe conseguir um pequeno repouso quando o seu sono fugia devido às perturbações da sua mente. Mas Deus dá aos seus amados o sono, sim, àqueles que consideram o Senhor como o seu descanso.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 828.
Nabucodonozor teve um sonho que lhe tirou o sono. Seu sonho perturbou seu espírito (v.l). A palavra “perturbou” significa golpear. O rei foi golpeado e encheu-se de ansiedade, insegurança e medo.
Seu sonho revelou a fragilidade dos poderosos. Aparentemente nada nem ninguém podia ameaçar a fortaleza do reino de Nabucodonosor. Ele tinha poder, riqueza e fama. Sua palavra era lei. Suas ordens não podiam ser questionadas. Mas, agora o rei foi abalado. Sentiu que alguém maior que ele o ameaçava. A segurança de seu império estava ameaçada por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste mundo. Ficou inseguro, inquieto e perturbado.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 41-42.
2. A habilidade dos sábios é desafiada no palácio (2.2).
“o rei mandou chamar” (2.2). O rei desafiou a habilidade desse grupo de sábios, magos, adivinhos e encantadores dentro do palácio para que revelassem o seu sonho e dessem a interpretação. Nabucodonosor ficou agitado pelo sonho, mas o esqueceu. Entretanto, o rei sabia que o sonho era importante e que trazia uma simbologia relacionada com o seu reino e o seu futuro. Naqueles tempos os reis tinham a pretensão de serem privilegiados com sonhos divinamente inspirados (1 Rs 3.5-14; Gn 20.3). Porém, quando não podiam interpretá-los, convocava os sacerdotes caldeus que serviam na corte para que adivinhassem e interpretassem os sonhos (1.4).
"magos, os astrólogos, os encantadores e os caldeus” (2.2). O Império Babilônico tinha uma mescla de culturas e religiões. Essa casta de “magos, astrólogos, encantadores e caldeus (sábios)” serviam no palácio para prescreverem, adivinharem, promoverem encantamentos e os caldeus eram próprios da Babilônia. Os magos possuíam conhecimentos nas ciências ocultas; os astrólogos procuravam ler os corpos celestes para predizerem eventos futuros; os encantadores realizavam exorcismos e invocavam os espíritos malignos e dos mortos; os caldeus pertenciam a uma casta de sacerdotes dentro do Palácio que lidavam com mistérios e códigos próprios para adivinharem e interpretarem sonhos. Neste contexto, Daniel e seus companheiros ainda não faziam parte oficialmente dos que se apresentavam diante do Rei, porque estavam no período do treinamento imposto pelo Rei. Porém, a ira de Nabucodonosor se acendeu de tal modo que não escaparia ninguém que estivesse dentro do palácio sem sofrer a pena do rei.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 39-40.
MAGOS
Magos (do grego emagoi») significa Astrólogos ou Mágicos. Algumas vezes a palavra se refere àqueles que se ocupavam das ciências, geralmente acompanhadas de magia e fraude. A tradução homens sábios não é bem entendida. A antiga interpretação da história, o seu sentido espiritual que vem dos pais Inicio, Justino, Tertuliano, Origenes e Hilário é que a «astrologia» e a «magia» se curavam, reconhecendo e confessando que seus dias estavam contados, em face do saber que vem do alto. Essa interpretação parece concordar com o objetivo do autor. Tais pessoas teriam observado algo de diferente no céu, algum fenômeno comum dos planetas, ou algum sinal especial de Deus. Nada mais de definido se sabe sobre eles, como seus nomes, número e posição na vida, e as tradições criadas em torno deles são forçadas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 27.
Dn 2.2 Então o rei mandou chamar os magos... A m aior parte dos povos antigos levava a sério os sonhos. Certamente isso se dava com os hebreus. Aqui e ali na Bíblia encontramos sonhos espirituais que são quase visões. Em minha própria experiência, tenho tido sonhos que definitivamente não podem ser classificados como sonhos comuns e profanos. Sonhar é, de modo geral, uma herança espiritual, e ocasionalmente uma pessoa atinge o outro mundo e traz dali algo de especial. Cf. este versículo com Dan. 1.17,21. Daniel tinha habilidades especiais como intérprete. Dos sábios da Babilônia, esperava-se que tivessem discernimento profético.
Portanto, foi apenas natural que o rei os convocasse para testar suas habilidades. O termo “caldeus” fala da casta coletiva dos sábios. Os sonhos e as visões são a mesma coisa e originam-se da alma e da psique humana. Fazem parte do estoque inerente de conhecimentos dos homens. Algumas vezes, porém, um bom intérprete pode ter discernimentos que ultrapassam suas próprias habilidades, e podemos com razão supor que, vez por outra, nossos anjos guardiães nos ajudam em nossos sonhos, concedendo-nos entendimento. Talvez o Espírito Santo ocasionalmente condescenda em intervir pessoalmente na questão. Freud escreveu o primeiro estudo científico sobre os sonhos, com consideráveis habilidades de interpretação, embora tenha exagerado nas questões sexuais. Atualmente, grande riqueza de literatura ajuda-nos a com preender melhor os sonhos.
“Parece que Daniel ultrapassava todas as classes da erudição mágica, sem importar se isso requeria conhecimento, sabedoria ou sonhos” (Ellicott, in Ioc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
Dn 2.2. Os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus. Sobre os magos e encantadores, veja observações em 1:20. Feiticeiros. No hebraico, mekashshepîm. Possivelmente de uma raiz semita significando "cortar"; daí, picar os elementos para poções mágicas e fórmulas. Conseqüentemente o grego pharmakoi, isto é, farmacêutico. Mestres modernos preferem uma ideia complementar de "recitadores de ditos mágicos, feiticeiros". A mesma raiz aparece no acadiano em relação a feiticeiros e feiticeiras. A prática da feitiçaria é proibida pelo V.T. (Êx. 22:18, na Bíblia Hebraica, v. 17, feitiçaria, no feminino; Dt. 18:10; Is. 47:9). Caldeus. Não usado no amplo sentido etnológico de 1:4, mas no estreito sentido profissional, indicando a classe sacerdotal da religião babilônica. Embora seja usado neste sentido apenas em Daniel, dentro dos livros bíblicos, era comumente usado assim pelos escritores clássicos, dos quais o mais antigo é Heródoto (Histories 1, 181, c. 440 A.C.; veja Driver, op. cit., págs. 12-16 e Young, op. cit., págs. 271-273). A maioria das autoridades concorda que os quatro termos não foram usados indicativamente mas antes distributivamente para incluir todas as categorias de conselheiros reais.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 506.
3. O fracasso da sabedoria pagã (2.3-13).
“E os caldeus disseram ao rei em aramaico” (2.4). É interessante destacar que o aramaico era a língua dos caldeus que se originou na Mesopotâmia e se estendeu até o Ocidente. Como o aramaico era a língua oficial do império, Daniel, conhecedor da língua, não só falava o aramaico, mas a partir de Daniel 2.4 até ao final do capítulo 7 do seu livro, Daniel escreveu somente em aramaico, que era a língua popular imposta pela Babilônia. Posteriormente, o povo judeu adotou o aramaico como língua do dia a dia judaico até a chegada do domínio grego. A língua grega foi adotada pelo povo judeu, mesmo que não tivessem abandonado o hebraico tradicional do povo judeu.
A dificuldade dos caldeus e seus magos para trazerem à tona 0 sonho do rei (2.4). Nabucodonosor suspeita que os seus magos e encantadores se aproveitavam da situação para quererem usar de engano com vãs palavras e os ameaça com pena de morte (2.13). Essa casta de sábios, magos e encantadores era mantida pelo palácio para prestarem serviços especiais ao Rei. Porém, diante do desafio, eles foram incapazes e inoperantes para revelarem o sonho do rei. Pof isso, o rei deu o decreto segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios do palácio, uma vez que não podiam resolver o problema do rei.
O conflitivo diálogo do Rei com os sábios e magos do palácio (2.5-9). Nenhum homem das castas sacerdotais e dos sábios conseguiu descobrir o sonho do rei. A tensão palaciana provocou a ira do rei que esperava daqueles homens respostas que eles não podiam dar. Nenhum deles pode trazer à lembrança o sonho do rei. O rei ameaçou com a pena de morte para aqueles sábios e magos que viviam à custa do palácio e não podiam resolver o problema do rei. Estava entre os sábios do palácio, Daniel e seus companheiros, ainda não oficialmente apresentados diante do rei, acabaram por correr o risco de morte com os outros sábios do palácio.
O desespero dos caldeus e sábios do palácio (2.10,11). Os caldeus e todos os sábios do palácio, desesperados ante a ameaça de Nabucodonosor, apenas disseram ao rei: “Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei” (2.10). No versículo 11 está escrito assim: “Porque o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei”. Ora, esses sábios e magos do palácio não só confessavam sua incapacidade de revelar o sonho, mas admitiam que, apesar de suas pretensões de comunicação com os espíritos, reconheciam que havia algo mais poderoso que eles referem-se a “deuses cuja morada não é com a carne” (v. 11). Todos os demais sábios do palácio eram politeístas. Somente Daniel e seus amigos eram monoteístas. Quando Daniel teve a oportunidade de se apresentar diante do Rei, disse-lhe: “Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios” (2.28).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 40-41.
Dn 2.6 Mas se me declarardes o sonho e a sua interpretação... Qualquer indivíduo, dentre os magos, ou a coletividade deles, se fosse capaz de dizer qual fora o sonho esquecido do rei, e então o interpretasse corretamente, obteria riquezas e honras e seria elevado a um alto ofício no reino. E o rei disse: “Portanto, agora façam isso!”. Talvez o rei tenha raciocinado que, se um vidente não pudesse lembrar o passado, então também não poderia predizer o futuro Os estudos dos fenômenos psíquicos têm demonstrado que o retroconhecimento e a precognição não andam de mãos dadas, necessariamente, na mesma pessoa. Mas é verdade que a maioria das pessoas que onde prever o futuro tem outras habilidades psíquicas, de alguma sorte. Todas as pessoas, em seus sonhos, têm discernimento quanto ao futuro, especialmente nos sonhos que ocorrem ao alvorecer do dia.
Dn 2.7,8 Responderam segunda vez, e disseram. Os magos insistiram em ouvir primeiramente o sonho, mas este desaparecera da memória do rei. Para preservar os sonhos, uma pessoa geralmente tem de anotá-los por escrito imediatamente. Se não fizer isso, na maior parte dos casos, os sonhos são esquecidos. Eles se encontram nos arquivos do cérebro, mas não podem ser lembrados conscientemente. A hipnose, entretanto, pode trazê-los de volta, O rei acusou os “magos” de tentarem “ganhar tempo”, pois falavam e não agiam (vs. 8). O rei mencionou novamente despedaçá-los e destruir suas casas (vs. 5), caso eles não conseguissem fazer o que era requisitado. E por causa dessa tremenda ameaça eles tentavam ganhar tempo, esperando que algo acontecesse, sem que tivessem de revelar sua total ignorância. Se eles continuassem tentando ganhar tempo, o rei poderia esquecer a questão ou então relembrar o sonho.
Dn 2.9 Isto é: Se não me fazeis saber o sonho... A queles psíquicos profissionais ocupavam sua posição de confiança com o conselheiros do rei, por serem capazes de realizar o seu serviço. Os fenômenos psíquicos funcionam melhor quando não são forçados, mas o rei não sabia disso nem ouviria tal argumento.
Se os magos não dessem resposta ao rei, não passariam de mentirosos com uns. O rei chegou a acusá-los de consolação. Eles tinham acordado em enganar ao monarca. Continuavam a contar mentiras, esperando algum a mudança da parte do rei, conforme é sugerido no vs. 8. Alguns psíquicos muito poderosos podem produzir fenômenos quando solicitados, mas não são muitos os que conseguem esse feito. E aqueles que conseguem nem por isso solucionam os problemas das pessoas. Este versículo revela a crença de que tais poderes operam melhor em certos dias. Cf. Est 3.7. Estudos demonstram que, de fato, há dias melhores e piores para os fenômenos psíquicos, e outro tanto acontece no caso dos sonhos. Algumas vezes, sonhos significativos nos ocorrem como se fossem enxurradas. Mas não entendem os a razão de tudo isso. Essas razões podem ser cósmicas ou pessoais. Se tais poderes se devem a energias genuínas da personalidade humana, então tais energias podem ser influenciadas pelos campos magnéticos que nos rodeiam ou por outras energias naturais. Ou, então, conforme diz certo cântico popular: “Em um dia claro, pode-se ver para sempre"
Dn 2.10,11 Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige. Os psíquicos profissionais da Babilônia apelaram então para a história. Não havia nenhum caso registrado de homem, rei ou não, que tivesse feito tal exigência a um psíquico, para receber com sucesso a resposta que buscava. Nabucodonosor exigia o tipo de coisa que som ente um deus seria capaz de realizar (vs. 11). A queles homens confessaram as limitações de sua profissão, limitações que desaparecem quando o Espírito de Deus está envolvido.
Daniel mostrou estar à altura da tarefa. A sabedoria humana, pois, aparece nesse caso com o débil, e esse é um dos grandes tem as do capítulo. “Os deuses não vivem no meio do povo" (afirmaram eles), pelo que não podiam ser invocados para ajudar, Mas Yahweh, o Deus de Daniel, estava sem pre presente, e daria poder a Seu servo para fazer o que som ente o poder divino era capaz de realizar. O judaísmo é glorificado às expensas do paganismo, e esse é, igualmente, um tem a do livro de Daniel. A queles magos tinham deuses deístas, os quais nunca intervém na histeria humana, mas estão em algum outro lugar, ocupados em seus próprios negócios.
Dn 2.12,13 Então o rei muito se irou e enfureceu. Nabucodonosor perdeu a paciência e ordenou um decreto terrível: toda a classe dos psíquicos profissionais (magos de vários tipos) seria executada. Entre eles estavam Daniel e seus amigos. Torna-se óbvio, através do vs. 13, que Daniel, em sua educação geral, fora treinado para ser um dos sábios (o grupo com binado dos mágicos, astrólogos e feiticeiros, vs. 2). Essa não é a linguagem evangélica. Os judeus naturalmente estabeleciam uma distinção: Daniel era inspirado por Yahweh, e os demais eram dotados apenas de sabedoria humana, inspirados quem sabe por qual tipo de poderes estranhos.
“ ... a coletividade inteira de sábios, que, de acordo com Dan. 1.20, incluía Daniel e seus amigos. A expressão “sábios” ocorre onze vezes no livro como nome geral para os sábios da corte, e duas vezes (2.27 e 5.15) com o nome para uma classe como tal: astrólogos, mágicos, encantadores. No Oriente Próximo, esses adivinhos, feiticeiros sacerdotais etc. formavam uma espécie de classe. O rei estava decidido a livrar-se daquele corpo inteiro de sábios. Decreto: A mesma palavra era usada para indicar uma sentença judicial (vs. 9)”.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3378-3379.
As Exigências Impossíveis do Déspota (Dn 2.4-13)
O rei apresentou a esses homens sábios o problema da sua profunda preocupação acerca do sonho que o havia acordado e fizera seus pensamentos fluir em uma correnteza inquietante. Os representantes sacerdotais, os caldeus (4), tornaram-se os porta-vozes para o restante do grupo e pediram uma descrição mais exata do problema. Eles pediram detalhes específicos do sonho antes de aventurar uma interpretação. Esse pedido irritou o rei. Ele os acusou de falar até que se mude o tempo (9), i.e., simplesmente protelando para conseguir mais tempo. Se a habilidade sobrenatural deles era genuína, eles deveriam garantir sua interpretação ao contar-lhe o sonho. Isso, obviamente, tirou a máscara da sua hipocrisia, porque não tinham meios de contar-lhe o sonho.
Visto que o rei tinha tornado isso uma questão de vida ou morte para todos os sábios, eles começaram desesperadamente a procurar uma forma de sobrevivência. Quando descobriram que nem mesmo o rei poderia ajudá-los porque havia esquecido seu sonho, eles perceberam como a sua situação era desesperadora. Postos contra a parede, eles foram impelidos à verdade. Porquanto a coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne (11).
Keil1 insiste em que o rei, na verdade, não tinha esquecido o sonho, mas estava determinado a testar a veracidade das habilidades desses denominados sábios. Se eles pudessem relatar os detalhes do seu sonho, ele estaria certo de que a interpretação deles teria validade. Mas se eles não tinham a habilidade nem mesmo de descrever o sonho, a professa habilidade sobrenatural deles era uma farsa e o castigo horrendo com que o rei os havia ameaçado seria o seu justo destino. Quer o sonho tenha sido esquecido, quer não, a situação dos sábios havia se tornado desesperadora.
O castigo decretado por Nabucodonosor era bastante comum entre os babilônios (veja 3.29). A despedaçamento de cativos de guerra havia sido praticado até pelos hebreus (1 Sm 15.33) como uma manifestação de julgamento extremo. Nabucodonosor acrescentou a esse horror o confisco de propriedade e a profanação das casas das vítimas, tornando-as um monturo (5), i.e., depósitos de lixo públicos.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 506.
A impotência dos sábios (v.10,11)
A sabedoria dos sábios deste mundo tem limites. O rei mandou chamar os sábios da Babilônia, mas eles não puderam contar o sonho nem dar sua interpretação ao rei. A sabedoria deles era limitada. Quem eram esses sábios? Em primeiro lugar, os magos. Eles eram possuidores de conhecimentos dos mistérios sagrados e das ciências ocultas. Em segundo lugar, os encantadores. Eles eram astrólogos, ou seja, aqueles que se dedicavam a contemplar o céu e buscar sinais nas estrelas com o propósito de predizer o futuro. Em terceiro lugar, os feiticeiros. Eram aqueles que usavam a magia, invocando o nome de espíritos malignos. Finalmente, os caldeus, uma casta sacerdotal de homens sábios.
A resposta desses sábios acerca da incapacidade deles era baseada em vários argumentos, conforme os versículos 10 e 11: 1) Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; 2) Era um assunto sem precedentes na história da humanidade; 3) O pedido do rei era extremamente difícil; 4) A solução do problema era supra-humano.
A teologia dos sábios deste mundo é deficiente (v. 11).
Eles reconhecem que há uma divindade acima e além, mas não têm uma visão do Deus pessoal, presente entre Seu povo (Is 57.15).
A prepotência dos poderosos (v.5,8,12,13)
Nabucodonosor revela sua prepotência até mesmo na hora da perturbação de espírito. Ele demonstrou isso de três maneiras. Primeiro, exigindo dos homens o que eles não poderiam oferecer (v. 5,10,11). Há coisas que são impossíveis aos homens. Exigir deles isso é um ato de prepotência. Os magos da Babilônia tinham limitações.
Segundo, oferecendo vantagens financeiras e promoções (v. 6). O rei tem poder e riqueza nas mãos. Com essas duas armas deseja o mundo aos seus pés. Terceiro, determinando o extermínio dos sábios para satisfazer um capricho pessoal (v. 5,8,9,12,13). O rei não respeitou a limitação dos sábios. Acusou-os de esperteza (v. 8), conspiração (v. 9) e determinou o extermínio sumário deles (v. 12). Reinhold Niebuhr diz que esse sentimento de insegurança, bem como esse complexo de ansiedade, é a causa da tirania política moderna. Quanto mais alto um homem sobe, mais medo ele tem de perder o poder, mais inseguro se torna. Isso prova que o poder, a riqueza e a fama não dão segurança ao homem nem satisfazem sua alma.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 42-43.
II – ATITUDE SÁBIA DE DANIEL
1. A cautela de Daniel (vv. 16-18).
A atitude de Daniel que adiou a sentença de morte dos sábios da Babilônia Daniel “falou avisada e prudentemente com Arioque, o capitão da guarda do rei” (2.14). Quando o chefe da Guarda do rei recebeu ordens para matar a todos os sábios da Babilônia, inclusive a Daniel e seus companheiros, Deu entrou em ação interferindo naquele episódio. Ele deu inteligência a Daniel para falar com Arioque e pedir-lhe tempo para a execução ordenada pelo rei. Arioque deu a entender que não poderia adiar o mandado do rei (2.15). Daniel pediu que Arioque pedisse ao rei para ser ouvido e foi-lhe concedida a audiência com o Rei. Daniel achou graça diante de Arioque porque Deus amenizou seu coração para que a soberana vontade de Deus prevalecesse naquele situação. Foi-lhe concedida a oportunidade de se apresentar diante do Rei e ele, com respeito ao Rei e com palavras prudentes se identificou e pediu tempo ao rei para trazer, posteriormente, a revelação do sonho.
Daniel pede tempo ao Rei para trazer a revelação (2.16). Daniel foi ousado com a iniciativa de entrar na presença do rei e pedir-lhe tempo a fim de poder trazer-lhe a revelação do sonho. Sua ousadia não era essencialmente dele, porque Daniel tinha algo muito mais forte que era a sua fé no seu Deus, o Deus de Israel. Daniel conhecia o seu Deus e havia entendido que nada há que não possa ser revelado por Ele. Daniel convidou seus amigos para orarem ao Senhor com eficiência, até porque suas vidas estavam sob a mesma pena emitida pelo rei contra todos os sábios do palácio. Ele não agiu isoladamente, mas procurou seus amigos Ananias, Misael e Azarias para orarem a Deus e obterem a resposta divina. Ele sabia que o mistério do sonho do rei só poderia ser revelado através da oração. Ele sabia que a oração é o canal mais eficaz de obter respostas de Deus às nossas necessidades (2.17,18). Os sonhos são um dos modos de Deus falar com o homem e revelar sua vontade.
A revelação dos mistérios de Deus pela oração (2.18,19)
“Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite” (2.19). No versículo 18 está escrito que “Daniel foi para a sua casa” que era o lugar da sua intimidade com Deus, onde ninguém mais o perturbaria. Foi na sua casa que ele pediu ao Pai que revelasse aquele mistério a fim de salvar a sua própria vida e a dos seus amigos hebreus, bem como dos demais sábios do palácio. Sua intimidade com Deus lhe propiciou a graça divina para receber a revelação do sonho do rei em visão de noite. Uma prova indiscutível de que Deus se utiliza desses meios para revelar a sua glória aos seus servos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 41-43.
Dn 2.16 Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo. Daniel aproximou-se ousadamente do rei, sem dúvida com a mediação de Arioque (ver o vs. 24), solicitando uma entrevista pessoal. Dessa forma, Daniel deixaria a questão descansar, satisfazendo a demanda do rei por informações. Daniel dependia do auxílio da fonte divina, Yahweh. Ele não tinha tal confiança em si mesmo. “A providência sem dúvida influenciou sua mente. A Daniel seria concedido algum favor especial” (Fausset, in loc.). A hora era de ousadia, e não de humildade, pelo que o profeta agiu com grande decisão. A humildade seria apropriada para uma ocasião menos dramática.
Dn 2.17 Então Daniel foi para casa. O A poio da Oração. Tanto a experiência quanto a experimentação (incluindo a de variedade científica) mostram que a oração é m ais poderosa quando feita em grupo. Energias espirituais geradas por pessoas unidas em um propósito não podem ser geradas por indivíduos comuns. Dessa form a, Daniel buscou apoio na oração. Ele apelou para seus três amigos. Quatro amigos tinham uma só mente, e esperavam grandes coisas da parte de Yahweh.
Dn 2.18 Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu. ‘Naquele tempo de testes, Daniel manteve a calma. Ele voltou para casa, procurou seus três amigos, e, juntos, eles oraram pedindo misericórdia da parte do Deus do céu.
No contexto do livro de Daniel, aponta para Yahweh com o o Deus Altíssimo, em contraste com os deuses babilônicos ausentes (ver o vs. 11). Os babilônios tinham uma espécie de deísmo idólatra, pois a força criativa era vista com o inativa entre os homens, porquanto abandonara sua criação às leis naturais. Em contraste com isso, a fé dos hebreus era teísta. O teismo ensina que o poder criativo continua no universo, intervindo, recompensando e punindo, de acordo com as demandas da lei moral. “O Deus do céu é o equivalente judaico do nome cananeu Ba’al samem.
Esse era o título que os persas usavam para referir-se ao Deus dos judeus. Parece que caiu de uso em tem pos posteriores, por assemelhar-se muito ao term  grego Zeus Ouranioá' (Arthur Jeffery, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3379.
Deus Concede a Daniel a Interpretação (2.14-23)
Embora Daniel e seus companheiros tivessem escapado da convocação do rei, não escaparam da inclusão no decreto de matar os sábios (14). Eles também estavam entre aqueles que seriam executados. Quando Daniel ficou sabendo da natureza do decreto e do motivo da sua severidade, imediatamente se dirigiu ao rei. O fato de ter esse tipo de acesso testemunha a alta posição que havia herdado nos exames ocorridos tão recentemente (1.19-20). Na presença de Nabucodonosor, Daniel corajosamente prometeu que daria a interpretação (16), se lhe desse tempo. O rei, antes tão furioso com as manipulações desesperadas dos sábios, estava evidentemente impressionado com a sinceridade, firmeza e confiança de Daniel.
A própria ação de Daniel foi coerente com o homem de Deus que era. Ele chamou seus três companheiros para juntos com ele passar um tempo em oração intercessora fervorosa. A resposta a essa oração não demorou a chegar. Quando Daniel recebeu o sonho em uma visão noturna, ele irrompeu em um hino de louvor exultante a Deus.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 507.
A intervenção de Daniel (v. 14-18)
Daniel toma três atitudes importantes na solução daquele intrincado problema. Em primeiro lugar, ele vai ao rei e pede tempo (v.16). Daniel tem iniciativa e ousadia. Ele não foge, não se esconde, nem tenta enrolar o rei. Ele reconhece sua limitação, mas demonstra confiança na intervenção divina.
Em segundo lugar, Daniel vai aos amigos e pede oração (v. 17). Quando, para o mundo, só resta o desespero, para os filhos de Deus ainda há o recurso da oração. Os magos suplicaram ao rei da Babilônia que lhes contasse o sonho, mas Daniel fez o mesmo pedido ao Rei dos reis, o Senhor Deus Todo-Poderoso. Daniel compreendeu a importância de termos um grupo de oração. Ele sabia que quando os crentes se unem em oração, isto agrada a Deus, e a vitória é certa. Precisamos buscar ajuda nas pessoas certas na hora da crise.
Em terceiro lugar, Daniel vai a Deus e pede misericórdia (v. 18). Ele ora ao Deus do céu. O nosso Deus está acima do céu, isto é, acima do sol, da lua e das estrelas que os babilônios adoravam. Enquanto os caldeus adoravam os astros, Daniel adorava o Deus criador dos astros. Ele revela sua fé no Deus vivo. Daniel chega a Deus pedindo misericórdia. A oração é um ato de humildade, não de arrogância.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 43-44.
2. Deus ainda revela mistérios (vv. 19-27).
Daniel oferece a Deus sua ação de Graças pela revelação (2.20-23)
Daniel exalta a Deus reconhecendo que Ele tem todo o poder e sabedoria acima do poder de Nabucodonosor e de todos os sábios e poderosos do mundo. Só Ele poderia revelar, por sua onisciência, as coisas obscuras ao homem comum. A resposta veio a Daniel em sonho pelo qual ele bendisse ao Senhor (w. 19,20). Como Criador do universo, a terra estava sob o seu controle e providência, porque só Ele tem o poder de mudar o tempo e as estações do ano (v. 21;At 1.7).
Daniel teve a revelação e imediatamente foi procurar o homem responsável por cumprir a ordem do rei. Contou-lhe o que Deus lhe revelara e pediu que o mais depressa possível o introduzisse à presença do rei para contar-lhe a revelação do sonho real. A semelhança do que Deus revelou a José no Egito (Gn 41), Daniel foi agraciado por Deus pela revelação .
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 43.
Dn 2.19 Então foi revelado o mistério a Daniel. O mistério do sonho do rei foi resolvido por m eio de um a visão noturna. Talvez esse term o fosse distinguido dos sonhos com o algo superior, conforme se vê em Joel 2.28. Mas parece que no livro de Daniel o sonho espiritual é considerado de mesmo nível que as visões. É verdade que na experiência humana algum as vezes precisam os de uma orientação especial que vem por meio da inspiração mística. A Daniel foi conferida essa bênção, em sua hora de necessidade. Oh, Senhor, concedemos tal graça! O próprio Daniel algum as vezes mostrou-se incapaz de obter orientação por sua sabedoria, a qual era muito superior à nossa. Assim sendo, é óbvio que, algumas vezes, precisam os de orientação especial por meio de eventos extraordinários. Cf. este versículo com Gên. 46.2 e Jó 33.14,15. Daniel e seus amigos oraram durante a noite, e eis que no meio da noite a resposta chegou. Algumas vezes precisamos de respostas rápidas!
Daniel estava abordando um mistério, mas, através da oração, até mistérios podem ser revelados pela sabedoria de Deus (vs. 30)”.
Dn 2.20 Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus. A grande vitória alcançada foi a inspiração para o significativo hino de agradecimento e louvor ao Poder que prestara grande favor aos jovens judeus. Os que conhecem a literatura poética, conforme ela existia na antiga nação de Israel, dizem-nos que o poema a seguir consiste em quatro estrofes de três e quatro linhas, sendo corretamente classificado como um hino. Trata-se de um tem a que louvava a sabedoria e o poder de Deus. Cf. I Cor. 1.24. Deus intervém na história humana, e nós agradecemos e O louvamos por isso. Encontramos sentimentos similares em Sal. 41.13; Jó 12.12,12; Nee. 9.5 e Est. 1.13.
O segredo foi revelado facilmente, pois Deus sabe de tudo. A visão noturna deu a Daniel toda a informação de que ele precisava, e eram informações salvadoras. A fonte dessas informações foi o Deus do céu. Ver as notas expositivas sobre o vs. 18 quanto a esse título. A oração dos quatro amigos mostrou ser realmente poderosa.
Dn 2.27 Respondeu Daniel na presença do rei, e disse. Daniel não piscou quando seu olhar encontrou o olhar do rei. Ele sabia que tinha consigo a resposta divina. Ele concordou com os psíquicos profissionais: somente um deus poderia resolver aquele caso (vs. 11). Mas como Daniel tinha consigo o seu Deus, tudo estava bem. A casta inteira dos magos foi mencionada por suas partes constitutivas: sábios, encantadores, magos, astrólogos, adivinhos, tal como se vê no vs. 2. Eles estavam certos quanto a um detalhe. Eles não podiam, nem individual nem coletivamente, solucionar o problema do rei. Porém, um único indivíduo, com a ajuda divina, poderia resolver o problema do rei. E Daniel era esse homem. O profeta, pois, estava mostrando a debilidade da sabedoria divina, que não é inspirada pela Fonte divina de toda a sabedoria; e é possível ser essa a mensagem principal que a história tenciona ensinar. Pode ficar subentendido que os sábios da Babilônia não conseguiriam solucionar o problema, mesmo que se consorciassem com os deuses (falsas divindades). Há coisas que só podem ser resolvidas pelo Deus do céu (vs. 28). Poderes preditivos são atribuídos somente a Deus. Cf. Gên. 20.3; 41.16,25,28; Núm. 22.35. Estudos demonstram que o poder de prever o futuro é uma habilidade natural da psique humana, e certamente existem profetas não bíblicos na antiguidade e na modernidade, Mas isso era ignorado pelos hebreus. Esse fato, porém, não enfraquece o argumento de Daniel (vs. 28).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3379-3380.
Sonhos e visões em Daniel
A habilidade dada por Deus a Daniel de interpretar sonhos e visões (Dn 1.17) foi importante para sua função como conselheiro do rei da Babilônia, Nabucodonosor, um homem de sonhos problemáticos e misteriosos.
A seguinte comparação de um sonho de Nabucodonosor com um sonho e com uma visão de Daniel revela um tema recorrente no livro de Daniel: a frequente sucessão de reinos.
No sonho de Nabucodonosor, havia uma estátua cuja cabeça [era] de ouro fino; peito e braços, de prata\ ventre e coxas, de cobre; pernas, de ferro e pés, em parte de ferro e em parte de barro (Dn 2.32).
No sonho de Daniel, havia um animal semelhante a um leão, masque tinha asas de águia: um semelhante a um urso, masque tinha na boca três costelas entre os seus dentes; um semelhante a um leopardo, mas que tinha quatro asas de ave nas suas costas, e um, diferente de todos os animais que apareceram antes dele, cujos dentes grandes eram de ferro e que, além disso, possuía dez chifres] (Dn 7.4-7).
Na visão de Daniel, havia um carneiro, o qual tinha duas pontas, uma mais alta do que a outra (Dn 8.3) e um bode com uma ponta notável entre os olhos. Em um dado momento, o bode se engrandeceu e [...] a grande ponta foi quebrada, e subiram no seu lugar quatro [também] notáveis [...] e de uma delas saiu uma ponta mui pequena (Dn 8.5-9).
Na interpretação dada por Deus a Daniel, a Babilônia se estabeleceria como o primeiro império mundial (Dn 2.38; 7.17); a Babilônia, como o segundo império (Dn 2.39; 7.17; 8.20); a Grécia derrubaria o império medo-persa e se estabeleceria como o terceiro (Dn 2.39; 7.17; 8.21); e a Roma derrubaria a Grécia e se estabeleceria como o quarto (Dn 2.40-43; 7.17).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1278.
Dn 2.19. Coisas que estavam ocultas para os sábios da Babilônia foram reveladas a Daniel. Onde os primeiros haviam sido impotentes (10), o Deus do céu se mostrou capaz de revelar aos Seus servos o que estes precisavam saber. Numa visão de noite ("visão noturna", BJ), Daniel “viu" o que o rei tinha visto em seu sonho e ainda compreendeu do que se tratava. Pelo uso do conceito 'Visões noturnas" em Jó 4:13 e 33: 15, parece que aquele que recebia a visão se achava num sono profundo, embora dele não se diga que estivesse sonhando (talvez pelo fato de que as imagens não vinham da sua própria mente, mas por uma intervenção direta de Deus).
Dn 2.20-23. O fato de ter sido socorrido encontrou expressão em um hino espontâneo de gratidão ao único Deus que poderia atender de tal modo a uma oração; mas havia também temor e espanto pelo fato de esse mesmo Deus, invisível e infinitamente grande, ter estado diretamente em contato pessoal com ele. Este último pensamento está por trás da primeira linha do seu luno: o nome de Detis é revelado somente pelo próprio Deus (cf. Êx 6:3; Jz 13:17, 18) e representa ao que pode ser conhecido a Seu respeito. Daniel acabara de ver algo da sua sabedoria e poder, tendo recebido de Deus o poder compartilhar desses atributos divinos (23). O poder de Deus, explicitamente aqui de controlar a ordem natural e de governar a política humana, antecipa já o sentido do sonho, que o autor até então ainda não revelara. A sabedoria de Deus, da mesma forma, é todo abrangente (22). ilimitada; a ênfase que perpassa o texto, contudo, está no fato de Deus colocar Sua sabedoria à disposição: ele dá sabedoria ... e entendimento.. ele revela,. me deste... me fizeste saber... nos fizeste saber (aos que juntos oraram pedindo por conhecimento do sonho do rei). Sabedoria aos sábios (21) significa não que só os sábios recebem o dom da sabedoria “extra”, mas que onde houver sabedoria, esta foi recebida como um dom do único Deus que é a sua fonte. De conformidade com isso, há uma ênfase neste salmo sobre o Doador. Nas linhas 3-5 eleé enfático e do mesmo modo a ti na linha 6. Esta miraculosa resposta à oração relembra Daniel de tudo que ouvira dos maravilhosos feitos de Deus no passado, sentindo assim a continuidade entre ele e os que foram antes dele; por isso, louva ao Deus de meus pais (23).
Este pequeno salmo é um modelo de ação de graças. Nenhuma palavra é meramente repetitiva; cada uma das primeiras 9 linhas enaltecendo a grandeza de Deus faz a sua contribuição própria ao cântico de louvor, estando todas relacionadas com a experiência de Daniel. As últimas 4 linhas expressam a sua própria admiração pelo privilégio de compartilhar da sabedoria e poder de Deus (cf. o v. 20; as mesmas palavras são repetidas no aramaico.
ligando assim o fim do salmo com o seu início). A simetria e beleza da poesia fazem também a sua contribuição ao louvor a Deus.
Dn 2.24. Faltava agora ir ter com Arioque, dando-lhe as boas novas de que as execuções não precisariam ter lugar, pois Daniel pode revelar e Dn 2.25. Arioque deprecia as credenciais de Daniel, creditando a si próprio o ter achado alguém que satisfizesse os desejos do rei.
Dn 2.26. A pergunta do rei traz implicada a incredulidade: “Podes tu...? ”
Joyce G. Baldwin,. Daniel Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag 95-97.
3. O carater profetico do sonho de Nabucodonosor (vv.28-29).
Daniel revela ao rei que o sonho tinha um caráter profético e escatológico (2.26-29) “Podes tu jazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação? ” (2.26). O rei Nabucodonosor está ainda incrédulo de que aquele jovem ousado pudesse trazer a revelação do seu sonho. Ele não conhecia o poder do Deus de Daniel. Deus não se deixaria zombar por um rei pagão, adorador de deuses fictícios existentes na Babilônia. Daniel não se engrandece nem ostenta qualquer virtude própria capaz de revelar segredos. Daniel foi objetivo e demonstrou sua audácia diante do rei, não se apressando em dar a revelação do sonho antes de dizer ao rei que ele não era mais sábio que os demais, destacando o fato de que a revelação devia-se unicamente ao seu Deus, ao Deus de Israel, cujo propósito era o de tornar conhecidos os seus planos ao rei da Babilônia.
 “Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios” (2.27). Daniel fez questão de dizer ao rei que o mistério do seu sonho “nem sábios, nem astrólogos, nem adivinhos o podem declarar ao rei” (v. 27), mas fez questão de ressaltar que “há um Deus no céu o qual revela os mistérios” (v. 28). O sonho do rei dizia respeito ao próprio reino da Babilônia, mas continha uma visão futura dos próximos reinos que haveriam de suceder ao reino da Babilônia. Daniel usou a expressão “fim dos dias” (v.28) que é escatológica e não significa simplesmente a sucessão dos impérios representados no texto. Segundo a escatologia judaica do Antigo Testamento “o fim dos dias” pode significar todo o espaço de tempo desde o começo do cumprimento da profecia até a inauguração do reino messiânico na terra.
A preocupação do Rei com o seu reino no futuro (2.29)
No sonho do rei, ainda que ele tenha tido dificuldades para entender o seu significado, estava revelado o porquê do sonho, ou seja, causa ou o motivo do sonho que dizia respeito à preocupação do rei quanto ao seu futuro e o futuro do seu reino. Na verdade, Deus usou um ímpio para algo especial acerca do futuro do povo de Israel e das nações do mundo. O esquecimento do rei acerca do seu sonho e a inquietação acerca do mesmo por não ter se lembrado tinha o dedo de Deus para revelar a sua glória através do seu servo Daniel.
“a mim me foi revelado esse mistério” (2.30). Não havia presunção ou vaidade no coração de Daniel quando atribui a si a revelação do mistério, mas era uma demonstração da sua humildade e reconhecimento pela soberania do seu Deus. Daniel professa solenemente que não há nenhum mérito seu na revelação do mistério, mas a glória pertence ao Deus que revelou a ele, por sua imensurável graça e poder.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 43-44.
Dn 2.28 Mas há um Deus nos céus. Onde psíquicos profissionais e sábios e deuses pagãos falham, o Deus do céu é bem-sucedido. Ver o vs. 18 quanto a esse título. A expressão “nos últimos dias" é sempre usada do ponto de vista do autor, e não de nosso século! Portanto, significa “mais tarde” ou, talvez, “em tempos remotos do nosso”, e não necessariamente nos últimos dias, imediatamente antes da era do reino etc. Se as profecias deste capítulo atingem a época dos romanos, então o tempo estava bastante afastado de Daniel para merecer a expressão; mas a verdade é que a visão de Daniel mergulhou num tempo ainda mais distante. “Do ponto de vista de Jacó (ver Gên. 49.1), isso significou o fim da ocupação de Israel da Terra de Canaã. Do ponto de vista de Balaão (ver Núm. 24.4), significou o fim da independência de Moabe e Edom... Mais freqüentemente, porém, essa frase é usada escatologicamente para indicar o fim da era presente, os últimos dias antes do Reino de Deus, a nova era. O teu sonho e as visões da tua cabeça. Se Joel 2.28 faz distinção entre as duas coisas, no livro de Daniel esses term os parecem sinônimos.
Ambas as coisas são consideradas reveladoras dos propósitos e da vontade de Deus, uma maneira pela qual um homem pode olhar para além dos lim ites do conhecimento humano ordinário. Daniel não tomou o crédito para si mesmo.
Dn 2.29 Estando tu, ó rei, no teu leito. A Nabucodonosor, embora fosse ele um rei pagão, foi dada uma visão. A tentativa de limitar as visões aos judeus e aos cristãos não passa nos testes da investigação. O Logos opera universalmente, e Ele tem agentes e servos não-cristãos. Os Logoi Sperm atikoi (as sementes do Logos) estão por toda a parte. Ver sobre esse term o na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
Deus é aquele que revela, e Ele não escolhe, necessariamente, agentes que merecem nossa aprovação. O rei pode ter estado a meditar sobre o futuro. Seu coração (a sede da inteligência) estava ativo. Mas a visão ocorreu espontaneamente, de acordo com o propósito divino.
Escopo da Visão. A visão cobriu a história do mundo em grandes lances, a começar pelos tempos de Nabucodonosor, tocando de leve em vários impérios mundiais e terminando com o reino eterno. “Esse mesmo periodo é chamado de ‘tempo dos gentios’, em Luc. 21.24" (J. Dwight Pentecost).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3380-3381.
Ele confirmou o rei em sua opinião de que o sonho cuja lembrança ele estava desejoso de recuperar era realmente valioso. Ele tinha uma mensagem de grande importância e de vasta conseqüência, e não era um sonho comum, a diversão ociosa de uma imaginação ridícula e luxuriante, que não valesse a pena se lembrar ou contar novamente, mas era uma revelação divina, um raio de luz lançado em sua mente vindo do mundo superior, relacionado aos grandes assuntos e reviravoltas deste mundo inferior. Deus, nesse sonho, revelou ao rei o que aconteceria nos últimos dias (v. 28), isto é, nos dias que estavam por vir, chegando até ao estabelecimento do reino de Cristo no mundo, que deveria ocorrer nos últimos dias (Hb 1.1). Além disso, “os pensamentos que subiram à tua mente não foram as repetições do que havia sido antes, como os nossos sonhos geralmente são” (v. 29):
Omnia quae sensu volvuntur vota diurno Tempore sopito reddit amica quies. Os sentimentos que nutrimos durante todo o dia Freqüentemente se misturam com os cochilos agradáveis da noite.
Claudiano
“Mas foram predições do que há de ser depois disso, e que Aquele que revela os segredos te fez saber. Portanto, tens o dever de aceitar o sinal e procurar entendê-lo.” Observe que as coisas que deverão acontecer no futuro são coisas secretas, que somente Deus pode revelar. E o que Ele revelou sobre essas coisas, especialmente com referência aos últimos dias, ao fim dos tempos, deve ser muito séria e diligentemente analisado e considerado por cada um de nós. Alguns entendem que os pensamentos que subiram à mente do rei em sua cama, sobre o que havia de ser depois disso, eram os próprios pensamentos que teve quando estava acordado. Pouco antes de dormir, e de ter tido esse sonho, ele estava distraindo a sua própria mente com aquilo que seria o resultado da sua grandeza crescente, pensando no que aconteceria mais tarde com o seu reino. E assim, o sonho foi uma resposta a estes pensamentos. Deus, desse modo, prepara os homens para as revelações que Ele, por tão grande bondade, pretende fazer.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 833.
III – DANIEL CONTA O SONHO E INTERPRETA-O
(2.31-45)
1. A correta descrição do sonho (vv. 31-35).
O sonho de Nabucodonosor tinha uma estrutura de uma mensagem profética. Os estudiosos veem o capítulo 2 apenas numa perspectiva histórica, porque os quatro impérios pagãos que a visão anunciava já passaram. Porém, a visão tinha também um sentido escatológico, porque estabelece ao final o reino universal de Cristo. É algo que Deus tem preparado para o futuro. A visão contém quatro divisões principais.
A imagem da grande estátua (2.31 -33)
A estátua que Nabucodonosor viu tinha uma cabeça de ouro (v.32); o peito e os braços eram de prata (v.32); o ventre e as coxas da estátua eram de cobre (v.32); as pernas eram de ferro (v.33) e os pés da estátua continham ferro e barro (v.33). No versículo 34 temos “uma pedra que foi cortada, sem mãos”, a qual feriu a estátua nos pés destruindo-a completamente. Naqueles tempos, o misticismo e a utilização de figuras de representação faziam parte das crendices existentes na cultura pagã. Na mente de Nabucodonosor havia essa cultura e Deus aproveita para revelar realidades presentes e futuras daquele império através de sonhos.Todavia o rei esqueceu o sonho mas sabia que havia sonhado algo importante que tinha algum significado para si mesmo e para o seu império.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 44-45.
Dn 2.31 Tu, ó rei, estavas vendo. A Essência dos Sonhos e das Visões. O rei vira uma imagem gigantesca e grotesca, sob a forma de um imenso homem. A imagem rebrilhava como bronze fundido; era “gigantesca, rebrilhante e assustadora” (NCV). A imagem exalava poder e esplendor. Os sonhos espirituais envolvem imagens incomuns que deixam a pessoa estonteada, e foi isso o que aconteceu a Nabucodonosor. Os antigos do Oriente Próximo e Médio costumavam fazer imagens colossais, mas essa imagem tomou de surpresa o próprio Nabucodonosor, embora ele fosse um ativo construtor.
“Suas dimensões e sua aparência eram formidáveis, fazem ao rei parecer insignificante diante dela” (J. Dwight Pentecost, in Ioc.).
Os vss. 31-36 fornecem a visão. Em seguida, os vss. 36-38 dão a interpretação. Portanto, sigo o mesmo plano, apresentando a interpretação naqueles versículos, e não no começo. Conforme veremos, as várias porções da imagem representavam reinos mundiais.
“Havia algo na fisionomia da imagem que era ameaçador e terrível. A forma inteira, tão gigantesca, encheu o rei com profunda admiração, pois lhe pareceu terrível. Talvez isso denote o terror que os reis, sobretudo os arbitrários e despóticos, projetam sobre seus súditos” (John Gill, in Ioc.).
Dn 2.32,33 A cabeça era de fino ouro. Os Elementos da Imagem Representam Quatro Reinos:
1. A cabeça era de ouro
2. Os braços e o peito eram de prata
3. O ventre e as coxas eram de bronze
4. As pernas eram de ferro, enquanto os artelhos eram parte de ferro e parte de barro Essas quatro partes representam quatro reinos, que surgiriam sucessivamente. Seriam impérios mundiais. Os vss. 37-43 dão as interpretações sobre as figuras.
Observações sobre os Ites. 32-33:
1. Note o leitor a qualidade descendente dos metais: ouro, prata, bronze, ferro, ferro misturado com barro.
2. O grego de épocas remotas, Hesíodo, falava em eras do m undo em termos de metais. Aqui descem os do ouro ao barro. A descida parece ser de valor, e não de força. O quarto reino seria mais forte que os demais, tal como o ferro é mais forte (porém menos valioso) que os outros metais listados.
3. A prata é um metal nobre, mas não tão valioso quanto o ouro. O bronze é ainda menos valioso, porém mais forte que a prata. Provavelmente está em vista o cobre, que, misturado com o estanho, fica mais forte do que o simples cobre, e essa liga produz o bronze.
4. O ferro é o mais forte e o mais útil dos m etais listados, mas essa força é debilitada pela mistura com o barro, ou melhor, com o barro cozido, duro, mas não tão duro quanto um metal. O barro cozido fala de vulnerabilidade e fraqueza inerente, a despeito da demonstração de força. Todos os reinos, como é natural, têm os pés feitos de barro.
5. Os quatro reinos representam toda a história da humanidade, contada rapidamente, e o Reino de Deus é o quinto reino. A vasta porção da história do mundo é deixada de fora. A visão é um símbolo do que acontece no mundo e mostra as limitações do escopo do profeta, que só podia ver essa parte do total, e teve de fazê-la representar os reinos do mundo, ou os tempos dos gentios (ver Luc. 21.24).
Dn 2.34 Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada. Tem os aqui, na “pedra”, o quinto império, não feito por mãos humanas. A pedra era uma Grande Pedra, que demoliu a imagem, em suas partes de metal. A imagem e suas diversas partes eram produtos humanos e, por isso mesmo, teriam de chegar ao fim. Eram apenas temporais. Já a Grande Pedra é eterna, e não está sujeita à dissolução.
Com um simples golpe nos pés, ela levou a imagem feita pelo homem a cair em forma de poeira, ou seja, de form a irrecuperável. A interpretação sobre essa Pedra aparece nos vss. 44-45.
Dn 2.35 Então foi juntam ente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro. Continua aqui o poder destruidor da Grande Pedra. Os metais, de várias qualidades, não puderam resistir ao golpe da Grande Pedra, e todos se reduziram a uma poeira finíssima, que o vento levou embora. As eiras eram lugares abertos situados de tal m aneira que podiam ser tangidos por qualquer brisa que passasse, para que o grão, lançado ao alto, fosse facilmente separado da palha, que era então levada pelo vento. Essa é uma figura usada com freqüência nas Escrituras. Cf. Osé.13.3; Sal. 35.5; Jó 21.18; Isa. 41.15,16; Mat. 3.12. “Os fragmentos desapareceram tão com pletam ente que nem um traço deles podia ser encontrado. Assim mostram Sal. 103.16; Jó 7.10; 20.9 e Apo. 20.11. A finalidade do golpe desfechado pelo Pedra foi assim indicada, uma característica da literatura apocalíptica” (Arthur Jeffery, in Ioc.). A Pedra veio a tornar-se uma grande montanha, que encheu toda a terra.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3381.
Daniel aqui dá plena satisfação a Nabucodonosor no que diz respeito ao seu sonho e à sua respectiva interpretação. Aquele grande príncipe havia sido bom para com o pobre profeta em seu sustento e educação. Ele havia sido criado sob as expensas do rei, havia sido honrado na corte, e a terra do seu cativeiro havia aqui se tomado muito mais confortável para ele do que para muitos dos seus irmãos. E agora o rei recebe uma abundantemente retribuição por todo o gasto que havia tido com ele. E por receber esse profeta, embora não como um profeta, ele teve o galardão de um profeta, que nesse caso foi uma recompensa que somente um profeta poderia dar, e que o príncipe rico e poderoso estava agora feliz por receber. Aqui está, O sonho em si (w. 31,45). Talvez Nabucodonosor fosse um admirador de estátuas, e tivesse o seu palácio e os seus jardins adornados com elas. No entanto, ele era um adorador de imagens, e agora via uma grande imagem colocada diante de si em um sonho, o que poderia lhe sugerir o que eram as imagens às quais ele dava tanto valor e prestava tanto respeito. Elas eram meros sonhos. As criaturas da imaginação também poderiam agradar a sua imaginação. Pelo poder da imaginação ele poderia fechar os olhos, e representar para si mesmo as formas que pensasse ser adequadas, e embelezá-las como quisesse, sem a despesa e o incômodo de uma escultura. Esta era uma imagem de um homem de pé: Ele estava diante dele, como um homem vivo. E, devido a essas monarquias que foram criadas para serem representadas pela estátua e serem admiráveis aos olhos dos seus amigos, o esplendor dessa imagem era excelente. E devido a serem tremendas para os seus inimigos, e temidas por todos à sua volta, a forma dessa imagem é considerada terrível. Tanto as características do rosto como a postura do corpo a tornavam assim. Mas o que era mais notável nessa imagem eram os diferentes metais dos quais ela era composta - a cabeça de ouro (o metal mais valioso e mais durável), o peito e os braços de prata (o segundo metal em termos de valor), a barriga e os lados (ou coxas) de bronze, as pernas de ferro (metais ainda mais inferiores), e por fim os pés, parcialmente de ferro e parcialmente de barro. Veja como são as coisas deste mundo: quanto mais nos aproximamos delas, menos valor aparentam. Na vida de um homem a juventude é a cabeça de ouro, mas ela fica cada vez menos digna da nossa estima. A velhice é metade barro. Nesta etapa, o homem tem o seu vigor físico extremamente reduzido. E assim com o mundo, as épocas posteriores trazem consigo a degeneração. A primeira era da igreja cristã, a da reforma, era uma cabeça de ouro. Mas, em minha opinião, se é que esta comparação pode ser feita, vivemos em uma era que é de ferro e de barro. Alguns fazem uma alusão a isto na descrição do hipócrita, cuja prática não está de acordo com o seu conhecimento. Ele tem uma cabeça de ouro, mas pés de ferro e de barro: ele conhece o seu dever, mas não o cumpre. Alguns observam que nas visões de Daniel as monarquias foram representadas por quatro animais (cap. 7), porque ele olhava para a sabedoria de baixo para cima. Nesta situação elas se tornavam terrenas e sensuais, e um poder tirânico, tendo, nelas mesmas, mais características dos animais do que do homem. E assim a visão estava de acordo com a noção que Daniel tinha das coisas. Mas para Nabucodonosor, um príncipe gentio, elas foram representadas por uma imagem vistosa e pomposa de um homem, porque ele era um admirador dos reinos deste mundo e da glória deles. Para ele, a visão era tão encantadora que estava impaciente para vê-la outra vez. Mas o que aconteceu com essa imagem? A parte seguinte do sonho nos mostra que ela está calcinada, e foi transformada em nada. Ele viu uma pedra cortada da montanha por um poder invisível, sem mãos, e esta pedra caiu sobre os pés da imagem, que eram de ferro e de barro, e os despedaçou. E então, conseqüentemente, a imagem deve cair, e assim o ouro, a prata, o bronze, e o ferro foram todos despedaçados juntos, e esmiuçados de tal forma que se tornaram como a pragana das eiras no estio, e ali não seria achado nem sinal deles. Mas a pedra cortada do monte tornou- se um grande monte, e encheu a terra. Veja como Deus pode provocar grandes efeitos através de causas fracas e improváveis. Quando Ele quer, um pequenino pode se tornar mil. Talvez a destruição desta imagem de ouro, de prata, de bronze, e de ferro tivesse a intenção de representar a extinção da idolatria do mundo no devido tempo. Os ídolos dos gentios são de prata e de bronze, como era esta imagem, e elas perecerão na terra e debaixo destes céus (Jr 10.11; Is 2.18). E seja qual for o poder que destruir a idolatria, ele estará no caminho preparado para glorificar e exaltar a si mesmo, como esta pedra que, após esmiuçar a imagem, tomou-se um grande monte.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 834.
2. A interpretação dos elementos materiais da grande estátua (2.34-45).
Em primeiro lugar, “a cabeça de ouro” (w.32,36-38) representava o próprio Rei Nabucodonosor, o rei mais poderoso da terra na época. Sua palavra era lei e governou por 41 anos e transformou a Babilônia no maior império do mundo. Obteve grandes conquistas e alargou suas fronteiras e domínio tomando posse das riquezas das nações conquistadas, inclusive dos reinos de Judá e de Israel. Em segundo lugar, “o peito e os braços de prata” (vv.32,39) simbolizavam o império que sucedeu a Nabucodonosor, o Império Medo-persa. Os dois braços ligados pelo peito simbolizam a união dos medos e dos persas. Nesse tempo prevaleceu muito mais as leis instituídas que a autoridade dos reis desses povos. Em terceiro lugar, Daniel fala do “ventre e os quadris” da estátua (vv.32,39) que eram de cobre e representavam o terceiro reino que sucedeu ao medo-persa,
o Império Grego. Foi Alexandre Magno, o grande rei e general, que dominou o mundo inteiro até desintegrar-se com a sua morte. Em quarto lugar, aparece as “pernas de ferro” (v.33,40-43) que representavam o último império dessa visão, o Império Romano. Esta interpretação baseia-se na visão política de um rei pagão. Em quinto lugar, "os pés de ferro e barro ” indicavam a fragilidade dessa grande estátua. A mistura de ferro e barro não dá liga, nem sustenta aquele império que viria, o Romano. Ainda que não seja citado o Império Romano, o contexto histórico e profético denuncia que se tratava desse império. As pernas de ferro indicavam a dureza do poder militar que tornou Roma muito forte, mas diluiu-se moralmente demonstrando a fragilidade do barro. Os elementos constitutivos da estátua são materiais porque indicam esta visão política para a compreensão de Nabucodonosor.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 45-46.
Dn 2.37 O autor deixa claro que Nabucodonosor e seu império babilônico eram a cabeça de ouro. Esse m onarca era um rei de reis entre os homens, pleno de grande força e glória. Foi o “Deus do céu” (ver as notas em Dan. 2.18) que predestinou esse reino e seu rei. Pois Yahweh é quem se encarrega dos destinos humanos, individuais e coletivos (as nações). Deus é soberano (ver sobre Soberania, no Dicionário). Ele é tanto o Criador como o Interventor em Sua criação, recompensando, punindo e dirigindo em consonância com a lei moral. “Rei de reis” era um título com umente dado aos reis da Pérsia (ver Esd.7.12). Encontra-se em inscrições do antigo Oriente Próximo e Médio, incluindo o caso de reis vassalos, como os reis armênios ou os reis selêucidas. É usado para indicar Nabucodonosor, em Eze. 36.7 e Isa. 36.4. O título, claramente, é atribuído a Yahweh e, então, a Jesus, o Rei-Messias. Cf. Dan. 47.5; Jer. 27.6,7; Apo. 17.14 e 19.16. Cf. Jer. 52.32.
Dn 2.38 A cujas mãos foram entregues os filhos dos homens. Continua aqui a descrição do poder do “rei dos reis” (Nabucodonosor). A cabeça de ouro era a cabeça de tudo em seus dias. Yahweh havia entregado todas as coisas em suas mãos, tanto os seres humanos com o os animais. Nabucodonosor se tornou o governante universal do mundo conhecido em sua época, através de muitas e brutais conquistas que não deixaram adversário de pé. Os “animais do campo são animais ferozes, e não domesticados. A Septuaginta adiciona “e os peixes do mar, o que, obviamente, é secundário. Os monarcas antigos do Oriente Próximo e Médio (incluindo Salomão) tinham seus jardins zoológicos particulares, onde criavam toda a espécie de animais estranhos, desconhecidos nas regiões onde esses reis governavam. A expressão, seja como for, enfatizava a universalidade do governo de Nabucodonosor. A vida, tanto animal quanto humana, foi posta a seus pés. Cf. isso com o vs. 44 deste mesmo capitulo e também com 7.17,24. O império neobabiiônico durou de 626 a 539 A. C., ou seja, oitenta e sete anos.
Ouro provavelmente refere-se às riquezas da Babilônia, e não à sua força. Dignidade e glória fazem parte da figura como descrições que os versículos esclarecem.
O Peito e os Braços de Prata (2.39a)
Dn 2.39ª Depois de ti se levantará outro reino. Este segundo reino (mencionado em meio versículo) significa: 1. os medos e os persas; ou 2. De acordo com alguns intérpretes antigos e modernos, apenas os medos. O império medo-persa, em seu conjunto, perdurou por mais de duzentos anos (539-330 A. C.). Eles conquistaram a Babilônia em 539 A. C.
O Ventre e as Coxas de Bronze (2.39b)
Dn 2.39b Esse terceiro reino, de acordo com vários intérpretes antigos e modernos é formado: 1. pelos persas, em distinção aos medos; ou 2. pelo império grego. O leitor deve tomar consciência de que a identificação do quarto império como Roma não aconteceu senão quando Roma realmente apareceu, e então a interpretação do quarto império foi ajustada a esse fato. O quarto rei dos medos, Artiages, foi traído por suas próprias tropas em 550 A. C., e seu poder foi entregue a Ciro, o persa, que tinha sido um de seus vassalos. Foi dessa forma que Ciro se tomou o cabeça do reino medo-persa. Assim também, nos capítulos 5 e 6 de Daniel, essas duas potências aparecem intimamente ligadas. Ver as obsenvações sobre os vss. 32-33, que preenchem detalhes quanto à natureza desses reinos.
As Pernas de Ferro, com os Artelhos em parte de Barro Cozido (vs. 40)
Dn 2.40 O quarto reino será forte como ferro. Esse quarto reino era: 1. ou o império de Alexandre. 2. Ou Roma. No início prevalecia a primeira dessas posições, mas a segunda passou a predominar quando Roma apareceu. O quinto capítulo sofre a mesma variação quanto à interpretação. O ferro é o mais forte dos metais, e certamente essa interpretação se adapta à Grécia ou a Roma. Mas a mistura de ferro cozido com ferro (vs. 41) fala de uma fraqueza inerente e, provavelmente, de divisão, como quando o império grego foi dividido entre os quatro generais de Alexandre. A descrição do vs. 40 pode aplicar-se igualmente bem a Alexandre ou aos romanos, pois ambos se ocuparam de uma conquista mundial, quebrando e subjugando os povos.
Como o ferro quebra todas as cousas. “Todos os outros reinos" é a tradução da NCV, que contudo provavelmente está incorreta. A ideia não é que esse poder esmagaria todos os reinos que existiram antes, mas, antes, que esmagaria todos os oponentes de sua própria época e, assim, obteria domínio mundial.
Alexandre derrotou todos os oponentes e espalhou o idioma e a cultura grega por todas as partes. O mundo foi “helenizado". Mas outro tanto sucedeu com Roma, que se transformou no maior dos impérios antigos, quando o m ar Mediterrâneo se tornou o “lago" romano. O latim veio a tornar-se outro idioma universal, e, através do latim vulgar, espalhou-se por toda a Europa. Linguagens separadas surgiram a partir do latim vulgar, incluindo o nosso idioma português, a última das línguas neolatinas a desenvolver-se, sendo a caçula desses idiomas.
Dn 2.41,42 Quanto ao que viste dos pés e dos dedos. Esse poderoso quarto império tinha herdado fraquezas porque seus pés eram feitos de ferro e barro cozido, um misto de fortalezas e fraquezas. Neste ponto não são mencionados os dez artelhos, mas é natural vinculá-los aos dez chifres de Dan. 7.24. Se a Grécia está em vista, então a divisão do reino significa a distribuição do império de Alexandre entre os seus quatro generais, quando ele morreu. As duas pernas, nesse caso, apontariam para as duas principais divisões dessa divisão, os selêucidas e os ptolomeus. Mas a palavra “dividido”, aqui usada, poderia ser mais bem traduzida por “composto”, uma referência à mistura do ferro e do barro cozido que representa fortaleza e fraqueza.
Mas se Roma está em pauta, então pode estar em mira a divisão desse império em dez partes subordinadas. A visão dispensacionalista deste versículo, em seguida, liga os dez artelhos, e os dez chifres, aos dez chifres de Apo. 17.3.
Esses dez chifres, por parte de alguns estudiosos, são então as dez nações do Mercado Comum Europeu, ou dez centros de poder no mundo, concebidos como um reavivamento do império romano nos últimos dias, o qual será encabeçado pelo anticristo. Visto que o Mercado Comum Europeu consiste agora em mais do que dez nações membros, a teoria do “poder central” atualmente é mais popular. Não sabemos o quanto dessa forma de interpretação está correta e quanto dela não passa de fantasia. Os críticos pensam que é ridículo tentar adaptar tais profecias (ou história!) ao mundo conhecido atualmente.
Barro de oleiro. Dizem assim muitas traduções, mas barro cozido (ver o vs. 33) provavelmente é o que está em vista. O barro cozido é aparentemente duro, mas inerentemente fraco, e o fato de estar misturado com o ferro tornava a liga mais precária. O barro cozido é quebradiço, embora pareça ser forte. O vs. 43 diz “barro cozido” (NIV), mas algumas traduções dizem “barro de lodo”, conforme se vê em nossa versão portuguesa.
Dn 2.43 Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo. O ferro e o barro são elementos precários quando se misturam, sem im portar se o barro estiver cozido ou em sua forma semilíquida. O resultado é a fraqueza, conforme vimos nas notas sobre o vs. 42. Houve uma mistura dos homens fortes de Alexandre com as filhas das nações, pelo que o caráter grego distintivo foi poluído. O próprio Alexandre encorajava casamentos mistos, com povos conquistados, em sua visão universalista das coisas, e ele, como é natural, seria o rei do império mundial. Os reis selêucidas e ptolomeus continuaram a política dos casamentos mistos, e em breve o que era grego transformou-se em apenas outra forma de expressão gentílica. Se Roma está em mira, então temos o declínio gradual da força romana. A descentralização destruiu o império romano. A anarquia passou a reinar em alguns lugares: houve o governo da plebe, ou seja, das classes populares. Em outros lugares, a democracia enfraqueceu o poder centralizado, e o resultado foi a fragmentação. Portanto, vários tipos de “casamento” debilitaram o que antes fora muito forte. Não está em vista a mistura do cristianismo com o paganismo, na época da igreja, embora certamente isso tenha acontecido e continue acontecendo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3382.
A interpretação desse sonho. Vejamos agora qual é o significado disso. Ela veio de Deus. Portanto, convém que consigamos a explicação que Ele se dispõe a nos dar. Ao que parece, Daniel tinha os seus companheiros consigo, e fala por eles bem como por si mesmo, quando diz: A interpretação dele diremos (v. 36). Agora:
1. Essa imagem representava os reinos da terra que governariam sucessivamente entre as nações, e teriam influência sobre as questões da congregação judaica. As quatro monarquias não eram representadas por quatro estátuas diferentes, mas por uma única imagem, pelo fato de todas elas serem de um mesmo espírito e caráter, e por todas serem mais ou menos contrárias à igreja. Foi o mesmo poder, conferido a apenas quatro nações diferentes, ficando as duas primeiras ao oriente da Judéia, e as outras duas ao ocidente. (1) A cabeça de ouro representava a monarquia dos caldeus, que estava em ação (w. 37,38): Tu, ó rei, és (ou antes, serás) rei de reis, um monarca universal, a quem muitos reis e reinos serão tributários. Ou, Tu és o mais elevado dos reis sobre a terra neste momento (como um servo dos servos é o servo mais inferior). Tu ultrapassas em brilho a todos os outros reis. Mas que ele não atribua a sua elevação à sua própria política e coragem. Não. Foi o Deus dos céus que deu a ti um reino, poder, força, e glória, um reino que exerce grande autoridade, permanece firme, e brilha intensamente, agindo através de um exército poderoso, com um poder arbitrário. Note que o maior dos príncipes não tem nenhum poder além daquele que lhe é dado do alto. A extensão do seu domínio é apresentada (v. 38): onde quer que habitem filhos de homens, em todas as nações daquela parte do mundo. Ele era príncipe sobre todas elas, sobre elas e tudo o que lhes pertencesse, sobre todo o seu gado, não só aquele que possuíssem, mas aquele que fosse ferae naturae - selvagem, ou seja, os animais do campo e as aves do céu. Ele era senhor de todos os bosques, florestas, e animais de caça, e ninguém tinha permissão de caçar sem a sua autorização. Assim “tu és a cabeça de ouro; tu, e teu filho, e o filho de teu filho, por setenta anos.” Compare esta palavra com Jeremias 25.9,11, especialmente com Jeremias 27.5-7. Havia outros reinos poderosos no mundo nessa época, como o dos citas. Mas foi o reino da Babilônia que reinou sobre os judeus, e isto iniciou o governo que continuou na sucessão aqui descrita até o tempo de Cristo. Ele é chamado de cabeça, por sua sabedoria, eminência, e poder absoluto, uma cabeça de ouro por causa de sua riqueza (Is 14.4). Era uma cidade de ouro. Alguns posicionam essa monarquia começando em Ninrode, e depois percorrendo todos os reis da Assíria, cerca de cinqüenta monarcas ao todo, e calculam que ela tenha durado mais de 1.600 anos. Mas ela não foi uma monarquia tão longa, de extensão e poder tão vastos quanto a que aqui é descrita, nem algo semelhante a essa. Portanto, outros consideram que somente Nabucodonosor, Evil-Merodaque e Belssazar pertencessem a essa cabeça de ouro. Eles tinham um trono glorioso e alto, e talvez exercessem um poder mais despótico do que qualquer dos reis que viveram antes deles. Nabucodonosor reinou quarenta e cinco anos ininterruptos. Evil-Merodaque, vinte e três anos ininterruptos, e Belssazar, três. A Babilônia era a metrópole deles. E Daniel esteve com eles, neste local, durante setenta anos. (2) O peito e os braços de prata representavam a monarquia dos medos e persas, das quais o rei recebe informações bastante resumidas: E, depois de ti, se levantará outro
reino, inferior ao teu (v. 39), não tão rico, poderoso, ou vitorioso. Este reino foi fundado por Dario, o medo, e Ciro, o persa, em aliança um com o outro. Portanto, ele é representado por dois braços que se encontram no peito. Ciro era persa por parte de pai, e medo por parte de mãe. Alguns calculam que essa segunda monarquia durou 130 anos. Outros calculam 204 anos. O primeiro cálculo está mais de acordo com a cronologia das Escrituras. (3) A barriga e as coxas de bronze representavam a monarquia dos gregos, fundada por Alexandre, que derrotou Dario Codomano, o último dos imperadores persas. Este é o terceiro reino, de bronze, inferior à monarquia persa em riqueza e extensão de domínio. Mas com Alexandre, pelo poder da espada, o reino dominará sobre toda a terra. Porque Alexandre vangloriou-se de ter conquistado o mundo, e então sentou e chorou porque não tinha outro mundo para conquistar. (4) As pernas e pés de ferro representavam a monarquia romana. Alguns creem que isto diz respeito à parte final da monarquia grega, os dois impérios da Síria e do Egito, o primeiro governado pela família dos Selêucidas, de Seleuco, o segundo pela família de Lagidae, de Ptolomeu Lago. Estes formam as duas pernas e os pés dessa imagem: Grótio, Júnio e Broughton entendem desta maneira. Mas a opinião mais aceita tem sido a de que a referência feita aqui seja à monarquia romana, porque foi na época desta monarquia, e quando ela estava no seu auge, que o reino de Cristo foi estabelecido no mundo pela pregação do Evangelho eterno. O reino romano era forte como o ferro (v. 40). O testemunho disso é o domínio desse reino contra todos aqueles que contenderam com ele por muitos anos. Esse reino despedaçou o império grego e depois disso destruiu boa parte da nação dos judeus. Durante a parte final da monarquia romana ele enfraqueceu muito, e se dividiu em dez reinos, que eram como os dedos desses pés. Alguns deles eram fracos como o barro, e outros fortes como o ferro (v. 42). Várias tentativas foram feitas para misturá-los e uni-los para o fortalecimento do império, mas foi tudo em vão: Não se ligarão um ao outro (v. 43). Esse império dividiu o governo por muito tempo entre o senado e o povo, os nobres e os comuns, mas eles não se fundiram inteiramente. Houve guerras civis entre Mário e Sila, César e Pompeu, cujos aliados eram como o ferro e o barro. Alguns entendem essas palavras como uma referência aos tempos de declínio desse império, quando, para o fortalecimento do império contra as irrupções das nações bárbaras, os ramos da família real se casaram entre si. Mas a política não teve o efeito desejado, quando chegou o dia da queda desse império.
2. A pedra cortada sem mãos representava o reino de Jesus Cristo, que deveria ser estabelecido no mundo na época do império romano, e sobre as ruínas do império de Satanás nos reinos do mundo. Esta é a pedra cortada do monte sem mãos, pois Ele não seria levantado nem apoiado pelo poder humano nem pela política humana. Nenhuma mão visível deveria agir no seu estabelecimento, mas isto deveria ser feito invisivelmente pelo Espírito do Senhor dos Exércitos. Essa foi a pedra que os edificadores rejeitaram, porque não foi cortada pelas mãos deles, mas agora se tornou a pedra fundamental, a pedra de esquina. (1) A igreja do Evangelho é um reino, do qual Cristo é o monarca único e soberano, no qual Ele governa pela sua palavra e pelo seu Espírito, ao qual Ele dá proteção e lei, e do qual Ele recebe honras e tributos. Não é um reino deste mundo, porém está estabelecido nele. E o reino de Deus entre os homens. (2) O Deus dos céus estabeleceria esse reino para dar autoridade a Cristo para executar juízo, para estabelecê-lo como Rei sobre o seu monte santo de Sião, e para trazer em obediência a Ele um povo bem disposto. Sendo estabelecido pelo Deus do céu, o reino é freqüentemente chamado no Novo Testamento de o Reino dos céus, pois a sua origem é do alto e a sua tendência é para cima. (3) Ele deveria ser estabelecido nos dias desses reis, os reis da quarta monarquia, da qual se faz uma menção especial (Lc 2.1): Cristo nasceu quando, pelo decreto do imperador de Roma, todo o mundo foi tributado, o que era uma clara indicação de que esse império havia se tornado tão universal quanto qualquer império terreno poderia ser. Quando esses reis estiverem competindo uns com os outros, e em todas as lutas em que cada uma das partes em conflito quiser encontrar a sua própria razão, Deus fará a sua própria obra e cumprirá os seus próprios conselhos. Todos esses reis são inimigos do reino de Cristo. No entanto, Ele será estabelecido, o que constitui um desafio a todos eles. (4) Esse é um reino que não conhece declínio, não corre o risco de ser destruído, e não admitirá qualquer sucessão ou revolução. Ele nunca será destruído por alguma força estrangeira invasora, como ocorre com muitos outros reinos. O fogo e a espada não podem consumi-lo. Os poderes conjuntos da terra e do inferno não podem privar os súditos do seu Príncipe ou o Príncipe dos seus súditos. Esse reino não será deixado para outros povos, como acontece com os reinos desta terra. Assim como Cristo é um monarca que não tem sucessor (porque Ele mesmo reinará para sempre), o seu reino também é uma monarquia que não está sujeita a nenhuma revolução. O reino de Deus foi certamente tirado dos judeus e entregue aos gentios (Mt 21.43), mas ainda assim foi o cristianismo que governou, sim, o reino do Messias. A igreja cristã ainda é a mesma. Ela está edificada sobre a rocha, enfrentando muita oposição. Mas as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela. (5) É um reino que será vitorioso sobre toda a oposição. Ele despedaçará e consumirá todos esses reinos, assim como a pedra cortada do monte sem mãos esmiuçará a imagem (w. 44,45). O reino de Cristo assolará todos os outros reinos, sobreviverá a eles, e florescerá quando eles afundarem com o seu próprio peso. Eles ficarão tão destruídos, que não se conhecerá mais o seu lugar. Todos os reinos que aparecerem contra o reino de Cristo serão quebrados com uma vara de ferro, como um vaso de oleiro (SI 2.9). E nos reinos que se sujeitarem ao reino de Cristo, a tirania, a idolatria, e tudo o que for reprovado neles, até onde o Evangelho de Cristo se estender, serão quebrados. Está chegando o dia em que Jesus Cristo abaterá todo governo, principado, e potestade, e colocará todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. E então essa profecia terá o seu pleno cumprimento no momento preparado pelo Senhor Deus, e não antes (1 Co 15.24,25). O nosso Salvador parece se referir a isso (Mt 21.44), quando, falando de si mesmo como a pedra rejeitada pelos edificadores judeus, Ele diz que aquele sobre quem esta pedra cair ficará reduzido a pó. (6)
Ele será um reino eterno. Aqueles reinos da terra que haviam despedaçado todos ao seu redor vieram, em sua vez, a ser despedaçados da mesma maneira. Mas o reino de Cristo despedaçará outros reinos e permanecei'á para sempre. O seu trono será como os dias do céu. A sua semente e os seus súditos serão como as estrelas do céu, não só inumeráveis, mas imutáveis. Do aumento do governo de Cristo, e da paz de Cristo, não haverá fim. O Senhor reinará para sempre, não só até o fim dos tempos, mas quando o tempo e os dias não mais existirem. E Deus será tudo em todos por toda a eternidade.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 834-836.
3. A pedra cortada, sem ajuda de mãos (2.45).
Os reinos descritos de cima para baixo representados na grande estátua revelam a progressiva decadência dos reinos desse mundo, pois começam no ouro e terminam no barro. Esta “pedra” representa o reino que virá que é o Reino messiânico de Cristo intervindo no poder dos reinos do mundo. Ele é a pedra cortada que virá para desfazer no último tempo o poder mundial do Anticristo (Dn 2.45; SI 118.22; Zc 12.3). O sentido da pedra cortada vinda do monte indica figuradamente a vinda de Cristo que esmiuçará o domínio configurado dos 10 dedos dos pés da estátua, formando um grande montão (Dn 2.44,45).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 46.
Dn 2.44,45 Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino. O quinto reino é o Reino Divino da era do reino e do Messias. Este versículo interpreta a Grande Pedra dos vss. 34-35. O reino universal de Deus destruirá todos os outros reinos, reduzindo-os a um pó tão fino que qualquer brisa será capaz de soprar para longe. Mas o próprio reino do Messias será invencível e indestrutível. Perdurará para sempre. Tornar-se-á ím par e único. Os dispensacionalístas vêem os dez artelhos como, especificamente, reinos a serem esmigalhados. A Grande Pedra é a Rocha, o Messias. Cf. Sal. 118.22; Isa. 8.14; 28.16; I Ped. 2.6-8. A Grande Pedra tornou-se uma montanha, tão poderosa e imensa será (ver Dan. 2.35). Essa montanha encherá toda a terra. A montanha simboliza um grande reino. Essa montanha é distinta da imagem. É de origem divina e tem uma qualidade eterna, ao passo que a imagem feita pelo homem é reduzida a pó. “Os reinos anteriores tinham sido destruídos ou pela corrupção interna ou por algum conquistador vindo de fora. Mas esse novo reino nunca será destruído, pois permanecerá para sempre. A soberania de Deus jam ais passará... O escritor sacro, pois, estava dizendo que o Novo Reino não será apenas outro reino, que chegou e logo passará. Não estará nas mãos de algum grupo nacional, mas nas mãos de Deus" (Arthur Jeffery, in Ioc.). Esse intérprete passa então a fazer do quinto reino a nação de Israel, o que, em certo sentido, é verdadeiro, porquanto o reino do Messias será manifestado através da restaurada nação de Israel. No entanto, será mais do que isso.
“Por ocasião de Sua volta, o Messias subjugará todos os reinos a Seus pés, levando-os assim ao fim (ver Apo. 11.15; 19.11-20). E então Ele governará para sempre no milênio e no estado eterno” (J. Dwight Pentecost, in Ioc.). Os amilenistas acreditam que o reino milenar foi estabelecido por Cristo em Seu primeiro advento, e que a Igreja é esse reino. Eles também imaginam que o cristianismo crescerá até tornar-se uma grande montanha. Os pré-milenaristas acreditam que o reino messiânico será estabelecido por ocasião do segundo advento de Cristo. História ou Profecia? Alguns intérpretes crêem que as chamadas profecias de Daniel são, de fato, “declarações de fatos já acontecidos’ . Também supõem que o autor não tenha sido o profeta Daniel, que viveu entre os judeus cativos na Babilônia, e, sim, um pseudo-Daniel, que teria vivido em cerca de 165 A. C., durante o período dos macabeus. O autor sagrado teria falado sobre coisas que já haviam acontecido, exceto o império romano, que foi então adicionado às tradições interpretativas, quando surgiu em cena. E eles pensam de evidências históricas para essas tais afirmações. Ver a introdução a este livro, seção III, Autoria, Data e Debates a Respeito. Seria útil ao leitor ler toda a Introdução, pois há inúmeras observações sobre o livro de Daniel.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3382-3383.
Tendo Daniel então interpretado o sonho, a satisfação de Nabucodonosor foi tão grande, que não o interrompeu nenhuma vez. A interpretação foi tão completa, a ponto de o rei não ter perguntas a fazer, e foi tão clara que ele não teve nenhuma objeção a fazer. E assim, o homem de Deus encerra tudo com uma declaração solene:
1. Da origem divina desse sonho: O Deus grande (assim ele o chama, para expressar os seus próprios pensamentos elevados a respeito dele, e para gerar o mesmo na mente desse grande rei) fez saber ao rei o que há de ser depois disso, o que os deuses dos magos não puderam fazer. E assim, uma confirmação completa foi dada a esse grande argumento que Isaías havia muito tempo antes exortado contra os idólatras, e particularmente os idólatras da Babilônia, quando ele desafiou os deuses que eles adoravam a anunciarem as coisas que ainda haviam de vir, para que soubessem que eram de fato deuses (Is 41.23). Através de tudo isso, Daniel provou que o Deus de Israel é o Deus verdadeiro, que só Ele é capaz de declarar o final de todas as coisas desde o princípio (Is 46.10). 2. Da inequívoca certeza das coisas preditas por esse sonho. Aquele que faz saber essas coisas é o mesmo que as criou e as determinou, e por sua providência as realizará. E temos a certeza de que o seu conselho permanecerá, e não poderá ser alterado. Portanto, o sonho é certo e a sua interpretação é segura. Observe que podemos confiar em tudo aquilo que Deus quiser nos revelar.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 836.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.