terça-feira, 4 de abril de 2017

Abigail, uma mulher prudente

INTRODUÇÃO:
As circunstancias que envolveram o presente estudo são comoventes, Samuel Havia falecido (ISm.25:1), e Saul, o rei, fora rejeitado pelo Senhor, (ISm.13:14). Davi, que havia sido escolhido por Deus para substituí-lo, (ISm.16:1,12,13), estava sendo perseguido por este que queria mata-lo, (ISm.19:10; 23:14), pois sabia que aquele jovem belanita seria seu sucessor no trono, (ISm.24:20).
Davi então passou a habitar nas cavernas, nos desertos e montes, (ISm.22:1; 23:14; 25:1), acompanhados por um grupo de homens que se aliaram a ele, (ISm.22:1,2; 23:13; 24:3,6). Estando acampado próximo a Maom, perto da propriedade de Nabal, que possuía um grande rebanho de ovelhas, o ajudou na proteção contra os ladrões, (ISm.25:15, 16,21).
Diante da necessidade de alimentação para si e seus homens, Davi enviou alguns de seus companheiros a Nabal, para solicitar-lhe o mantimento, o que lhe foi negado, levando-o a preparar um ataque contra a casa deste grande fazendeiro. É ai que entra em cena a sábia atitude de Abigail, para reparar a ação irrefletida do esposo, evitando, assim, a morte de toda sua casa.

I – DEFINIÇÕES:

1)      – Abigail: Seu nome significa “meu pai é alegria”. Além de formosa, suas principais virtudes eram: sensatez, prudência, sabedoria, humildade e afetuosidade.
2)      – Nabal: Seu nome significa “tolo”, “sem juízo”. Era um homem de temperamento rijo. Avarento, embora muito rico e poderoso, duro de coração e maligno em obras.

II – NATUREZAS HETEROGÊNEAS:

Era um verdadeiro contraste a vida deste casal. Certamente, Abigail casara-se com ele, porque seus pais atentaram para os predicados da família dele e sua riqueza. Quando o casamento é motivado por outras razões que não seja o amor, o resultado é sempre triste.                                    A união conjugal feliz é aquela em os jovens buscaram a direção de Deus, (Gn.24:12-14), unido-se no Senhor, (ICor.7:39), ou seja, crente com crente, para que haja harmonia no lar, (2Cor.6:14-16). Caso contrário, serão duas naturezas desiguais, (Am.3:3).

III – A PRUDÊNCIA APLICADA POR ABIGAIL:

1)      - No ouvir seu servo: Ao receber o aviso de que Davi atacaria a sua casa, Abigail ouviu atentamente o portador da triste notícia, não obstante ser ele apenas um de seus servos, (ISm.25:14-17). Ela era boa ouvinte. Devemos estar prontos para ouvir, (Tg.1:19). O sábio dá ouvidos ao conselho, (Pv.12:15);

2)      – Na urgência das providências: Não era uma ouvinte esquecida, (Tg.1:22). Passou a tomar urgentemente as providências necessárias. Era uma mulher destemida, (ISm.25:18,23,42);


3)      – Na preparação dos víveres: Sua generosidade foi muito grande, em contraste com a avareza e dureza do marido. Preparou alimentação adequada e com abundância para levar a Davi, (ISm.25:18) a fim de reparar a ingratidão do esposo;

4)      – Na sua sabedoria: Nada revelou ao marido, pois ele não a compreenderia. Tudo fez para salvar a vida do esposo, ainda que soubesse que ele era um estúpido, (ISm.25:25). A mulher sábia edifica a sua casa, (Pv.14:1);

5)      – Na sua caminhada: Procurou um caminho onde não fosse vista pelos de sua casa, determinando que seus mancebos fossem na frente, (ISm.25:19,20). Esta escolha demonstra sua prudência e sabedoria;

6)      – Na sua humilhação: Ao encontrar-se com Davi, prostou-se em terra diante dele e lançou-se a seus pés, (vv.23,24). Humilhou-se, chamando-se a si mesma de serva por 07(sete) vezes, (ISm.25:24,25,27,28,31,41). “Com os humildes está a sabedoria”(Pv.11:2). Davi, que era um homem simples, (ISm.18:23), moveu-se com este gesto de Abigail. Vivamos humildemente, para sermos exaltados no tempo oportuno, pois diante de honra vai a humildade, (Pv.15:33; 18:12);

7)      – Na sua intercessão: Procurou ajudar o esposo culpado, sem ocultar a verdade dos fatos, (Pv.28:13). Lamentou não ter atendido aos emissários de Davi, por não tê-los visto (v.25). Tomou para si a falha de seu marido, pedindo perdão, (ISm.25:28; Ec.7:12). Mostrou a alimentação que havia trazido e confiou na justiça de Davi, (ISm.25:27-31; Cl.4:1). “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”, (Pv.15:1).  Quantos problemas seriam evitados se os litigantes, ou pelo menos um deles, tivessem autocontrole e governassem os seus espíritos, (Pv.16:32; 19:11). “Melhor é sofrer o dano do que dar escândalos”, (ICor. 6:1-7);

8)      – No seu reconhecimento: Reconheceu que Davi estava na vontade de Deus e seria o futuro rei, (ISm.25:26-31). Por esta razão chamou-o de “meu senhor” por 14(quatorze) vezes, (ISm.25:24-31). Ela era uma mulher sintonizada com a vontade de divina, pois mencionou o nome do Senhor por 07(sete) vezes neste episódio, (ISm.25:26,28-31). Era também conhecedora das Escrituras, (ISm.18:17; 25:28);

9)      – No resultado alcançado: As palavras de Abigail aplacaram a ira de Davi e o levaram a agradecer a Deus por tê-la enviado ao seu encontro, desviando-o do seu terrível intento, (ISm.25:32-34). “Bem aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”, (Mt.5:9);

10)  – No modo de avisar ao marido: Ao retornar a sua casa, Abigail encontrou o seu esposos totalmente embriagado. Ela achou prudente nada lhe revelar do que acontecera, pois ele não estava em condições de entender. No dia seguinte, quando ele estava sóbrio, revelou-lhe o que se passara, o que deixou o seu coração amortecido e como que petrificado, (ISm.25:36,37). Ela esperou o momento propício para dar a notícia. Se tivesse comunicado antes, não seria entendida, e podia até mesmo resultar em uma discussão infrutífera. “A palavra a seu tempo quão boa é” .(Pv.15:23; 25:11).

IV – ABIGAIL E A SUA PRUDÊNCIA RECOMPENSADA:

1) -  Na morte de Nabal: O Senhor feriu Nabal e ele morreu, (ISm.25:38), e assim, Davi
reconheceu que o Todo poderoso agiu com justiça, (Ism.25:39). Com a morte do esposo, Abigail recebeu a vitória no seu lar, ficando livre do jugo desigual que a prendia ao marido, (Rm.7:2; ICor.7:39);

3)      – No convite para ser esposa de Davi: Com a morte de Nabal, Davi propôs casar-se com Abigail, (ISm.25:39-42). Certamente, ele viu nela não somente a beleza física, mas também espiritual, (IPed.3:3-6). “A mulher prudente vem do Senhor”, (Pv.1914).Ela, que havia se humilhado, é agora exaltada. Com este casamento, ela veio a ser rainha;

4)      – No nascimento de seus filhos: A Bíblia não registra que ela teve filhos com Nabal, ou qual a causa disso. Entretanto, como esposa de Davi, ela teve dois: Quileabe e Daniel. Embora alguns estudiosos afirmem que o Quileabe de IISm.3:3 seja o mesmo Daniel de ICrôn.3:1.

V – ABIGAIL, UM TIPO DA IGREJA DE CRISTO:

1)      - Ela vivia ligada a um homem mau e violento: Sem Jesus, nós estávamos dominados e ligados ao pecado, (Sl.14:2; Rm.3:23), o qual nos escraviza, (Jo.8:34). Estávamos “casados” com o mal, o vício, a vaidade, ou seja, com as obras da carne, (Gl.5:19-21), uma alusão a Nabal;

2)      –  Ela teve um encontro com Davi: Assim também nós tivemos um encontro com Jesus, (Mt.11:28), que nos salvou, (Jo.3:16) e nos purificou de todos os nossos pecados, (IJo.1:7). Abigail deu víveres a Davi. Nós concederemos a Cristo os nossos corações, (Pv.23:26; Rm.10:9,10);

3)      – Após o encontro de Abigail com Davi, Nabal morreu: Como resultado do nosso encontro com Jesus, morreu o nosso “Nabal”, ou seja, o domínio do pecado em nossa vida, (Rm.6:6-14),e passarmos a ter paz, (Jo.14:27) e convicção do perdão dos nossos pecados, (Ap.1:5);

4)      – Ela foi convidada para ser esposa do rei: Pela salvação, a Igreja tornou-se a Noiva do Cordeiro, (Ap.22:17; IICor.11:3), e está esperando a qualquer momento sair ao seu encontro, para a realização do casamento, (Mt.25:1_13). Assim como Davi mandou  mensageiros para convidar e trazer Abigail, da mesma forma o Senhor enviou o Seu Espírito  à terra, para a missão de convencer o homem do seu pecado e, pela salvação, transformá-lo e prepará-lo, (IICor.3:18). Ela que hoje é a noiva, naquele dia será a esposa do Cordeiro (Apoc.19:7; 21:9), e por toda a eternidade estará ao seu lado.

CONCLUSÃO:
Tenhamos uma vida de prudência em todos os momentos de nossa existência, a fim de usufruirmos as extraordinárias bênçãos vindas da parte de Deus. Não somente nas coisas relacionadas com o presente, mas também nas que dizem respeito à eternidade, ao lado de Jesus.
Fonte: Pra. Flávio Nunes.